Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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M de…

[Um texto de 2013 que vale muito a pena republicar hoje.]
https://mailsparaaminhairma.wordpress.com/2013/03/08/m-de/

M de…
M de Solidária,
M de Persistente,
M de Amante
E Mãe da gente.

M de Perspicaz,
M de Sofrida,
M de Ipunemente
Agredida.

M de Dádiva,
M de Entrega total,
M de Proteção
À escala global.

M de Graciosidade,
M de Ternura,
M de Amor
Que perdura.

M de Elegância,
M de Sedução,
M de Querer
A tua roupa no meu chão.

M de Educar,
M de Resiliência,
M de Suportar
A vida
Com infinita paciência.

M de Solteira,
M de Casada,
M de ser a única
Que tem um M de Divorciada.

M de Trabalho,
M de Corpo,
M de Seio,
E M de Espera…
E o homem não veio.

M de Presença,
M de Paixão,
M de Crer,
M de tentar até morrer.

M de Inteira,
M de Companheira
Da companheira M.

M de Mulher
Para o homem que souber.

M sem mais nada,
Nua e despida,
M na morte toda,
Porque M toda a vida.

jpv


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Rumores de Tinta 01- A Culpa é das Mulheres?

O primeiro episódio de Rumores de Tinta revisita o mito de Prometeu, a criação da Humanidade e curiosas analogias com outros textos. Pelo meio, o intrigante papel da Mulher nesta trama!


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“A Vida Delas Importa”

Hoje, um aluno de há muitos, muitos anos, publicou um texto que considero oportuno, incisivo e de uma grande lucidez.
O aluno, o Ricardo Rodrigues, menciona-me no seu texto. Não senti orgulho. Ou melhor, senti, mas não foi isso o mais importante.

O que realmente senti foi a responsabilidade do que é ser educador e professor. Nas outras profissões, dão-se respostas imediatas com resultados imediatamente observáveis. Na docência, nada é imediato, mas tudo é estrutural e fundamental.
Naturalmente, este antigo aluno era já, por contexto familiar e dotação pessoal, um jovem com valores e princípios muito bons, contudo, foi o professor, naquele momento, que moldou um traço do pensamento. Algo quer viria a ser importante na construção do pensamento futuro. Os professores fazem isso, moldam o pensamento e constroem a massa crítica das sociedades.

É nestas situações que se vê claramente a relevância de uma profissão muito sacrificada, muito maltratada e muito desvalorizada na nossa sociedade.

O texto do Ricardo Rodrigues vale muito a pena ser lido. Por isso mesmo deixo aqui a ligação!

jpv

Leia o texto do Ricardo aqui:
https://saudeefraternidade.blogs.sapo.pt/a-vida-delas-importa-12841


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A Pensar em Ti

A Pensar em Ti

A Pensar em Ti

A pensar em ti
Fiz os poemas apaixonados
Da juventude…
Os versos arrebatados
Do amor
E da incompletude.

E foi a pensar em ti
Que rimei rimas
Sem nexo
De luxúria e sexo
Exposto
Ao vento e ao luar.
A pensar em ti
Meu coração
Aprendeu a rimar.

A pensar em ti
Escrevi
Sobre o desespero
E a desilusão,
Sobre grandes projetos
E o espectro da separação.

E vieram outras mulheres
Doces e belas
Partilhar meus braços.
Escrevi imenso sobre elas,
E tudo o que escrevi
Foi a pensar em ti.

A pensar em ti
Escrevi palavras de paciência,
De fulgor sem fulgor nenhum.
A pensar em ti
Escrevi a resiliência
Do amor especial e comum.

E agora,
Que se anuncia
Outra meninice
Que não é pujança
Nem velhice,
Penso em ti
E na força dos afetos.
Traço duas linhas de ternura,
Penso em ti
E escrevo sobre nossos netos.

jpv


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Poesia das Palavras Indizíveis – Demasiadas Sombras, Senhor Grey.

grey

Poesia das Palavras Indizíveis

Demasiadas Sombras, Senhor Grey.

Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido em casa.
Um braço no ar,
Um grito a rasgar o silêncio.
Um gesto que arrasa…
A existência.

Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido no carro.
Um pé no travão.
Um som de pneus a deslizar.
Um braço no ar.
Uma boca a cuspir sangue.
Uma mulher que baixa os olhos e espera…
Mais.

Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido no jardim.
Um braço no ar.
Minutos que não chegam ao fim.
O negro do sangue pisado.
Um olho disforme.
Assim…
Ornamentado.

Quando ele levanta o braço
Para ela,
Não interessa se foi ou não
Na tela.
O que se vê,
É ele a bater nela…
Por amor!

Não há erotismo
Nem sexo
Na violência
E no excesso
De uma mulher agredida.

Há só um crime…
Contra a vida!

jpv


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Short Stories – Auto Stop

short stories sex police woman driverShort Stories – Auto Stop

O tipo ia descansado, fazendo o que tantas vezes fazia, resolvia problemas, fazia contas à vida, enquanto conduzia. E quando chegava ao destino nem se lembrava por onde tinha passado. Mas nesse dia não chegaria ao destino sem que ela o mandasse parar. Estava fardada. Tinha um sorriso convidativo, um corpo suficientemente curvilíneo para se perceberem por baixo da farda as curvas e as contra curvas. Levantou-lhe o braço. Ele encostou, abriu um pouco o vidro do carro, estendeu-lhe os documentos e ouviu-a perguntar para onde ia. Ia para casa. Tens lá a tua mulher à tua espera? A pergunta era ousada, pouco apropriada à farda. Ele respondeu. Sim, vou ter com ela. E não me preferes a mim? Ele olhou-a de alto a baixo, fez um auto stop às intenções, subiu o vidro e deslizou dali sem mais palavras. Não eram precisas.