Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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E Depois…

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Pois…
Houve um momento lindo
E depois
Perdeu-se a chama,
Perdeu-se toda a glória
E morreu à nascença
A nossa história.

Pois…
Houve um momento lindo
E depois
O meu coração batia
Do lado em que o teu fingia.
E a mim me faltou
O rumo e o remo,
A vela e a quilha,
E o barco naufragou.
E restei só eu
Preso e perdido
Na ilha.

Pois…
Houve um momento lindo
E depois
Quis mais do que podias dar-me,
Quis a ilusão e a promessa,
Quis o tempo e a tua mão.
Mas tu tinhas pressa.
Não te acompanhei,
E não há para a tua liberdade
Amor, nem prisão.

jpv


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Condição

sexy couple[Imagem daqui]

Há, na tua juventude,
Algo que faz falta à minha velhice.
E, dizes-me tu com matreirice,
Que existe na minha condição
Muito charme,
Muito tesão.

Mentimos os dois.

Nem eu posso levar
Para antes
O que é do depois,
Nem tu me podes oferecer
O que, por condição,
Não tenho como receber.

jpv


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Prenhe Vazio

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No vazio das palavras,
O ato.
No vazio do tempo,
O momento exato.
No terreno estéril
E árido
De meu peito
Cresce uma esperança
Sem jeito
Nem destino.
Fenómeno inexplicável,
Como mão grande e afável
Percorrendo o cabelo do menino.

No vazio da cama
Um homem que ama.
No vazio de um peito de mulher,
Um homem que quer.
Numa folha branca
Uma palavra que grita
E deseja,
Uma linha sensual,
Uma vírgula que beija
A hesitação,
E de novo a mão.
Agora suave e sedosa
Em provocante e prazerosa
Provocação.

No vazio de tudo…
A reinvenção!

jpv

 


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Olhar

Essa pose serena,
Essa magia encantada,
Essa intenção não revelada
Por essa boca pequena.
Mas o olhar… o olhar, meu Deus, como te trai!
Olhas-me como quem despe o pudor.
Não. Não é amor,
É esse desejo, essa luxúria dos corpos suados,
Olhas-me, e a minha roupa cai
No chão do teu quarto.
E fazes, em gestos suaves e delicados,
A via sacra do meu corpo oferecido.
E antes mesmo de tocar-te,
Antes de me percorreres com o fogo da excitação,
Sou já um homem vencido.

jpv


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Retrato de Moça

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O olhar húmido
E inseguro.
Olhos pequeninos
Que brilham no escuro…
E suplicam.
Lábios finos
E gentilmente recortados
Ameaçam um sorriso
Que fica…
Na intenção.
Os dedos frágeis
E longilíneos
A explicarem-me as palavras.
Seios redondos,
Bem definidos,
E pequeninos,
Insinuam-se no teu peito
Ao peito que lavras…
De amor.
Tens a cintura da donzela
E o sexo da mulher.
Tens no corpo,
Sem saberes,
As obras do desejo
Que o homem quer.

Estás sentada
À porta do meu coração.
Sempre nua
Como a Thétis
Que o monstro petrificou.
Não estou mudo, eu,
Nem quedo.
Debato-me com a ânsia e o medo
De possuir-te,
De ter-te em meus braços,
E haver nisso
Um funesto e terrível feitiço.
Que estender-te a mão
E tocar-te
E prender-te minha
Desfaça a ilusão
E morra a esperança
E a melodia.

Ficarás sentada,
Em pose ténue e fugidia,
À porta de meu coração.

jpv


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2ª edição!

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Vejam só o que aconteceu: A SEGUNDA EDIÇÃO DE ” A Paixão de Madalena”!
Não espere mais para ler bons livros: este compra-se aqui: https://www.chiadoeditora.com/livraria/a-paixao-de-madalena
——————–


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A Paixão de Madalena: Um Romance, Duas Apresentações

Em Lisboa, a 20 de dezembro de 2015, pelas 15h, no Clube Literário da Chiado Editora, Av. da Liberdade, nº 188, Galeria Comercial Tivoli Forum.
https://www.facebook.com/events/527307534102570/

—————————

No Porto, a 9 de janeiro de 2016, pelas 15h, na Casa de Allen, Rua António Cardoso, nº175.
https://www.facebook.com/events/1538142943162965/


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Aniversários

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11 de setembro de 2015.

Tu estás, aqui, a meu lado, como acontece, já, desde o começo do Mundo. E o nosso menino, aniversariante como nós, está noutro continente. E nenhum de nós está em casa. Mas isso importa pouco. Importa que, faz hoje 27 anos, começámos juntos uma caminhada. E cá estamos, caminhando. Superando barreiras, calcorreando o Destino como se o nosso destino fosse um só. Queria fugir ao lugar comum dos momentos bons e maus e queria dizer-te o quanto significa para mim estares aqui: uma vida. Não sei, já, como era a vida antes de ti. E não consigo conceber no horizonte uma paisagem onde não estejas. Tens o amor em ti, aquele puro amor de que falava o poeta. E a generosidade. E a resiliência.

E o nosso menino faz anos hoje, também. 25! Ninguém tem vinte e cinco anos. Nem mesmo ele. Homem alto e grande e independente como no tempo em que se morria pela independência.

São dois aniversários num dia. A nossa vida toda num dia. Que se repita. Sempre!

jpv


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A Pensar em Ti

A Pensar em Ti

A Pensar em Ti

A pensar em ti
Fiz os poemas apaixonados
Da juventude…
Os versos arrebatados
Do amor
E da incompletude.

E foi a pensar em ti
Que rimei rimas
Sem nexo
De luxúria e sexo
Exposto
Ao vento e ao luar.
A pensar em ti
Meu coração
Aprendeu a rimar.

A pensar em ti
Escrevi
Sobre o desespero
E a desilusão,
Sobre grandes projetos
E o espectro da separação.

E vieram outras mulheres
Doces e belas
Partilhar meus braços.
Escrevi imenso sobre elas,
E tudo o que escrevi
Foi a pensar em ti.

A pensar em ti
Escrevi palavras de paciência,
De fulgor sem fulgor nenhum.
A pensar em ti
Escrevi a resiliência
Do amor especial e comum.

E agora,
Que se anuncia
Outra meninice
Que não é pujança
Nem velhice,
Penso em ti
E na força dos afetos.
Traço duas linhas de ternura,
Penso em ti
E escrevo sobre nossos netos.

jpv


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Duas Estrofes de Pecado

Duas estrofes de pecado

Duas Estrofes de Pecado

O pecado tem um sorriso
Que encanta
Quando é olhado.
Etéreo e impreciso,
Nasce no teu rosto
O sorriso do pecado.

E dou voltas à mente
Procurando esquecer a tentação.
Meu coração não sabe o que sente
E peca mesmo sem razão.

jpv
(Foto gentilmente cedida por Ruth Kissa)