Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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25.09.2021

É noite e não é cedo. E enquanto uns dormem e outros se desdobram em esforços nos preparativos, eu escrevo. Escrevo para ti, meu filho. Meu menino. Meu homem. Pai. Escrevo porque te casas amanhã. A vida vai mudar. Vais ser feliz. Eu sei que vais. Tu és daquelas pessoas que merecem mesmo ser felizes. Que trilham o caminho da felicidade como se fosse fácil encontrá-lo, percorrê-lo. Não é. Acontece que tu, meu querido filho, tens em ti uma natural resiliência, uma capacidade nata para aceitar o que a vida te traz e fazer o melhor possível com isso. Explora a inegável doçura que há em ti, agarra-te aos incontornáveis valores que sempre te têm orientado e sustenta-te no fortíssimo carácter que construíste.

O teu caminho será sempre um caminho de luz porque tu és uma pessoa de luz. Ancora a tua determinação no belíssimo amor que a Daša nutre por ti, foca-te sempre em tudo o que é positivo, nas tuas capacidades, conquistas e desejos… Ampara-te na família. É para isso que existimos. E nunca deixes que o ruído perturbe o teu silêncio, a tua tranquilidade. Nunca assumas para ti aquilo que não desejaste à partida, não percas um segundo, sequer, com propósitos que não são teus. Onde não ames, não te demores.

Sê sempre criativo, imprevisível, apaixonado, dedicado e ama. Ama sempre. Ama muito. Abraça. Beija. Explora. Protege a tua doce Daša e cria as condições necessárias para que cresçam juntos no amor, na dedicação, em família.

Ouve todos e decide tu. Quando estiveres certo, quando tiveres fé no teu raciocínio, persevera. E dá sempre prioridade à humanidade que há em ti. E ri. Ri muito, meu filho. Abraça o humor do quotidiano como um lenitivo para as dificuldades.

Não te preocupes comigo. Eu estou bem. Estarei sempre bem. Pelo menos, sempre que me lembrar de ti. Não precisas lembrar-te de mim quando estiveres bem. A mim, basta-me saber que estás bem e o Mundo fica concertado. Contudo, sempre que estiveres mal, que passares por uma qualquer necessidade ou estiveres em baixo por uma qualquer razão, lembra-te de mim. E eu cá estarei para te ouvir, para te amparar, para te ajudar, na verdade, para o que tu quiseres. Sem julgamentos nem condições. Só eu, tu, um abraço e a busca de uma solução.

Ainda ontem nasceste. E já te casas amanhã. Desejo-te um céu estrelado de alegrias e felicidades.

Com amor,
Pai.


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De Rerum Natura

Dos laços e outros afetos

É complexo o desenho dos afetos. E, contudo, maravilhoso. Por exemplo, é esse intrincado avesso de emoções voluntariamente oferecidas e recebidas que constrói o direto da tapeçaria que é a família. O que define um laço familiar não é o sangue ou, pelo menos, não é exclusivamente o sangue. Nem tão pouco um papel assinado onde fica registado que fulano de tal é pai, filho, irmão, tio ou o que quer que seja de um outro fulano de tal.
Em boa verdade vos digo, à falta de melhor e mais comprovada teoria, que aquilo que mais exatamente define um laço familiar é a intensidade do afeto que une os envolvidos. É esse amor puro que faz sofrer na ausência, preocupar na distância, auxiliar na dificuldade, perder o chão e encontrá-lo, ansiar por um desejo outro ou sofrer por uma dor que, não sendo nossa, é tão nossa como de quem a padece.
Creio que seria mais indicado definir as teias familiares por laços de afeto do que por outros quaisquer, em particular, os de sangue.
Pode uma mulher ter as dores de mãe de uma criança que não pariu? Claro que sim. Pode um homem ter o instinto de proteção em relação a um filho que não concebeu? Claro que sim. Basta que ame aquela como mãe. Basta que ame aquele como pai.
Traz-me este pensamento um outro a provocar as ideias e as palavras para dar-lhes forma. O Amor aprende-se. O Amor cresce nas pessoas. E também definha. Quando um outro nos toca e nos faz sentir vivos e amados e desejados, quando um outro nos mostra nas palavras e nos atos que o seu sentir gravita o nosso, que o seu coração se ampara no nosso, então sabemos que chegou o momento de aprender a amar. De nos entregarmos à tarefa árdua de deixar crescer em nós a milagrosa flor da reciprocidade amorosa. De sermos mãe, pai, filho, filha, irmão, tio, primo, avô ou avó, antes e depois do sangue e antes, muito antes e muito depois, de um qualquer registo. É possível… Amar é sempre possível!

jpv


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18.09.2021

Depois do nosso casamento oficial em 23.08.2021, ontem foi o dia da festa com família e amigos. Um dia mágico. Maravilhoso. Um dia pelo qual estamos gratos. Um dia pleno de afetos e sorrisos e abraços…

OBRIGADOS A TODOS!


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A ler…


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Iago 31!

No dia 11 de setembro de 1990, há exatamente 31 anos, nasceu o Iago, meu filho, minha alma, meu sopro.
O Iago não veio a este mundo para ser mais um de nós.
Veio para ser um exemplo de coragem, um farol de integridade, um misto de rebeldia e resiliência.
A sorte é minha, foi sempre minha, de o ter no meu caminho, de ter o privilégio de o ver crescer, de o ver superar, de o ver alcançar, um a um, os objetivos a que se propôs.
O Iago foi sempre uma bênção na minha vida. O filho que qualquer pai quer ter e digo mesmo mais, conseguiu superar todas as minhas falhas como pai e selecionar com rigor e escrúpulo os ensinamentos efetivamente válidos. É um filho que aprende e ensina, que ouve a orientação e orienta.
É um orgulho.

E agora é pai e sei, com toda a certeza, que vai ser, já é, um grande pai.

O Iago merece ser rodeado de todo o Amor que conseguirmos encontrar em nós e merece um dia, uma semana, um mês, um ano, uma vida inteira e uma eternidade de felicidade plena. O Iago merece que estejamos indefetivelmente ao seu lado para que possamos fortalecê-lo ainda mais. Os fortes não o mostram, mas também eles precisam de força exógena, de carinho, uma mão no cabelo, uma festa na face, um beijo, um abraço forte e demorado.

MUITOS PARABÉNS MEU QUERIDO FILHO!
AMO-TE TANTO QUANTO É POSSÍVEL AMAR-SE UMA PESSOA!

Aí ficam 31 fotos para celebrar 31 anos!

Obrigado, Iago!

Pai.


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Dia dos Acordos de Lusaca

Também conhecido como Dia da Vitória, é um feriado nacional que marca um importante acordo entre o ESTADO PORTUGUÊS e a FRELIMO, em 1974. Este dia marca a chegada da LIBERDADE PLENA a Moçambique.

O sol nunca mais seria o mesmo. Desde então, um extraordinário caminho de desenvolvimento se tem percorrido. Com dores, é claro, mas um caminho imprescindível de que os moçambicanos só podem orgulhar-se!

jpv


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Não Te Custava Nada

Não te custava nada
Emprestares-me essa almofada.
Não precisava ser dada, dada.
Bastava que fosse emprestada.

É que lhe fica tão bem assente
O que resta da minha mente
Que anda neste mundo perdida
Desde que te viu poisada
Nessa macieza adormecida.

Não te custava nada
Deixar misturar teus sonhos com os meus
Para que se encontrassem na noite escura.
Dormirem nossos sonhos separados
É torpe e vil tortura
Indigna de tua posição.
Basta que te chegues para lá
Metade de certa porção
Equidistante entre o teu
E o meu coração.
E, a meio da noite,
Por sinuosos e sonhados caminhos,
Encontram-se os sonhos alados
Na almofada emprestada…
Enquanto nós dormimos juntinhos.

jpv


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Musa Certa

Tu és a cura
Para a minha maleita.
O sol que espreita
Na minha escuridão.
Tu és a mão segura
Na minha indecisão.
Tu és a doçura
No meu desatino.
Eu sou o menino
E tu és a canção.
Tu és a cama
Para o meu cansaço.
A alma em que me espelho
E o corpo em que me satisfaço.
Tu és a gargalhada cristalina
Em meu silêncio acabrunhado.
Tu és a alegria de menina
Nos braços do velho cansado.
Tu és a ideia
Que me desinquieta.
A musa certa
Do incerto poeta.

jpv