
É uma embarcação formosa.
Leva no cesto da gávea
Uma mulher quase real,
Quase divina,
Com uma mão sobre a vista
Prescrutando o horizonte.
É cega.
Na bruma da hora
Da partida,
A embarcação desliza
Comprometida
Com o Destino.
E quem lá vai dentro
Olha a costa
E chora.
Já não há portos seguros.
Neste preciso momento,
Intensifica-se o olhar da deusa
Quase mulher
Que acena
Um longo
E arrependido adeus.
Já mal se vê,
A embarcação,
Já nem se percebe
Que é formosa
Ou mesmo embarcação.
Nunca se soube
Quem ia dentro
Da barca misteriosa.
Eram saudades…
Nostalgia.
Dissipou-se a neblina,
Abriu-se o dia.
O astro brilhou
E uma bátega de água,
Violenta e impiedosa,
Jorrou dos céus.
Era salgada, a água.
E agora,
As ondas vêm de mansinho
Beijar a praia
E trazer rumores
Daquele olhar.
Um momento de contemplação
E outra barca a naufragar.
jpv
09/10/2019 às 01:20
No fim da leitura, dei por mim a sorrir.
É engraçado quando assim acontece.
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09/10/2019 às 14:24
Ainda bem que a poesia gera reações agradáveis.
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