Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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A Paixão de Madalena – Capítulo 32 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 32 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

 A PAIXÃO DE MADALENA

LIVRO V – FIAT LUX

32. Albertina foi mãe duas vezes. E duas vezes teve as alegrias de ser mãe e duas vezes as tristezas da maternidade. Tentou ser livre e educar na liberdade. Para a liberdade. Conseguiu, pode dizer-se, mas a liberdade tem o vicioso costume de fazer-se pagar. Caro. Educou no amor e para o amor e trouxe-lhe isso fartura de afetos, de alegrias e de desilusões e tristezas. Fez sempre aquilo em que acreditou e foi livre sempre que a vida a deixou.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 32 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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A Paixão de Madalena – Capítulo 31 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 31 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

A PAIXÃO DE MADALENA
LIVRO V – FIAT LUX

31. Maria de Jesus sofreu sempre. Até com o regresso da filha. A solidão e o desespero foram suas principais maleitas. Tivera um momento de felicidade com Patrocínio. Um momento de entrega livre e apaixonada e sacrificara toda a sua vida por esse momento. No início, logo após a partida de Albertina com as meninas, Manuel Paixão fora muito rigoroso. Fechou-a em casa, não permitia que saísse, exceto um domingo por mês para se ir confessar pela manhã e depois assistir à missa. Ele próprio se encarregava de a insultar e de a maldizer em público durante a semana e depois, ao fim de semana, quando ela saía vestida de negro, de luto por si mesma e pela vida que lhe coubera em sortes, com um imenso véu a cobrir-lhe o rosto, tinha de ouvir os comentários despudorados que o marido incentivara ao longo da semana.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 31 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]

 


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A Paixão de Madalena – Capítulo 30 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 30 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

A PAIXÃO DE MADALENA
LIVRO V – FIAT LUX

30. Marcelle e Mark tornaram-se presenças distantes, os seus contactos eram escritos, por e-mail. Não se escreviam com frequência, em pequenas mensagens, a contar episódios da sua vida, como correra isto ou aquilo. Escreviam-se pouco, três ou quatro vezes por ano, mas quando o faziam, eram longas missivas carregadas de ilusões, de desilusões, de aventuras amorosas, de desventuras, de projetos profissionais, de emoções e saudades. Continuaram a comunicar-se como se estivessem juntos de quando em vez e continuaram até a fazer planos para coisas que haveriam de fazer quando estivessem uns com os outros, mas a verdade é que não se viam desde Joanesburgo. Marcelle entusiasmou-se com a separação de Madalena e Pablo Sentido, disse que a visitaria na aldeia. Precisava vê-la, estar com ela, a viagem do Canadá a Portugal seria baixo preço a pagar por estarem juntas. E veio mesmo. E esteve uma semana com Madalena. O suficiente para a amar com volúpia e desejo redobrado e o suficiente para aperceber-se de que, naquela fase, não havia espaço para si na vida de Madalena.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 30 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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A Paixão de Madalena – Capítulo 29 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 29 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

A PAIXÃO DE MADALENA
LIVRO V – FIAT LUX

29. Manuel Paixão baixou ao hospital em situação de emergência e risco de vida. O homem secara todo o terreno dos afetos à sua volta e era, por isso, uma criatura isolada e só. O pai, Toino Madeireiro, falecera debaixo de um trator que se virara quando ele andava a lavrar terrenos e deixou a Manuel o negócio das madeiras. Era tudo o que tinha. O negócio. A mãe morrera velhinha e entrevada a balbuciar umas palavras que ninguém entendia, a não ser Maria de Jesus, e que diziam qualquer coisa como Faz as pazes com o teu irmão.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 29 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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A Paixão de Madalena – Capítulo 28 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 28 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

A PAIXÃO DE MADALENA

LIVRO V – FIAT LUX

28. Notou ela que, recentemente, as saídas dele são mais frequentes e por menos tempo. Exatamente como se, em vez de serem fugas à rotina, aventuras de retomar forças, fossem agora visitas de acompanhamento. Até aqui, Pablo saía por duas ou três semanas, uma ou duas vezes por ano. Foi impossível não reparar que nos últimos dois meses saíra quatro vezes por dois dias. Seguiu-o de táxi. E não teve surpresas. O que viu magoou-a profundamente, mas não pode dizer-se que a tenha surpreendido. Era um prédio de meia dúzia de andares. Pablo entrou. Demorou-se pouco. Saiu com uma moça substancialmente mais nova do que ele. Até aqui, tudo normal, dentro do combinado…

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 28 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]

 


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A Paixão de Madalena – Capítulo 27 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 27 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

 A PAIXÃO DE MADALENA

LIVRO V – FIAT LUX

27. E Cristo ordenou aos empregados que não ficassem ali parados, que agarrassem nas ânforas e fossem à fonte na beira da estrada que pouco distava dali e as enchessem com água e as vazassem nos copos dos convivas. E os empregados olhavam incrédulos o viajante como que desconfiando da possibilidade de cumprir aquela ordem porquanto não percebiam como enchendo âs ânforas de água, delas jorraria o vinho a servir. Ide! Disse-lhes o viajante e eles foram com passo incerto e não se aperceberam como sucedeu o que os seus olhos presenciaram pois que enchiam as ânforas de água na fonte e as vazam de vinho à mesa.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 27 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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O Portugal de que me Orgulho

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Para assinalar a semana dos Direitos Humanos, o Conselho da Europa lançou uma campanha de sensibilização cuja temática é a rejeição do discurso de ódio.

Portugal, não só aderiu, como o fez com particular originalidade e bom gosto.

Aqui fica o postal português e a ligação para o site oficial: http://www.odionao.com.pt/ 

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A Paixão de Madalena – Capítulo 26 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 26 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

 

A PAIXÃO DE MADALENA

LIVRO IV – ASCENÇÃO E QUEDA

26. Em nossa pequenez e em nossa grande ignorância, procuramos, nós, humanos, a estabilidade na constância e fugimos da errância por ser fonte de instabilidade. E contudo, nossa natureza intrínseca é errante. E é nesse divagar pelo mundo, pelas pessoas e pelo conhecimento, que crescemos e enriquecemos e fortalecemos para a vida. E cremos, até, controlar os nossos passos, as nossas opções, o curso da nossa vida e a nossa presença no Universo. E tudo isso é tão vulnerável, tão mutável como a própria vida. A notícia chegou num sobrescrito branco, de janela, com o nome de Albertina a espreitar e o símbolo da República Portuguesa no canto superior esquerdo.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 26 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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A Paixão de Madalena – Capítulo 25 (Excerto)

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O presente texto constitui um excerto do capítulo 25 do Romance “A Paixão de Madalena” que publicaremos em breve.

A PAIXÃO DE MADALENA

LIVRO IV – ASCENÇÃO E QUEDA

25. Era maio tardio, uma nuvem de borboletas brancas invadiu Nairobi, pousaram nas janelas, nos carros, nos telhados, nos postes de luz, nas árvores, as pessoas afastavam-nas sacudindo as mãos à frente da cara, a copa da imensa mangueira do quintal ficou pintada de branco esvoaçante, muitas pousaram no chão que ficou serpenteado como se tivesse caído uma improvável chuvada de granizo. Afrika percebeu o sinal. Não eram borboletas, eram as asas de um espírito bom. Foi buscá-la ao quarto, trouxe-a nos braços e entregou-a a Albertina que a abraçou e a beijou muito como se aqueles beijos a pudessem trazer de novo à vida.

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[O presente texto constitui um excerto do Capítulo 25 de “A Paixão de Madalena” a publicar em breve em livro. Boas leituras!]


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Quando Corrigir Testes se Torna… Hilariante.

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Depois de uma manhã inteirinha a corrigir testes, depois de uma tarde inteirinha a corrigir trabalhos de casa, há conclusões inevitáveis. Para além da responsabilidade implicada, a tarefa de corrigir testes pode ser cansativa, extenuante  mesmo, desoladora, reconfortante e… hilariante.

A resposta que vou revelar de seguida, protegendo o autor, claro, faz-me crer que devo ter errado algures no processo. Mas errado à grande! Meu Deus, que fui eu fazer? Como é que é possível que aquela alma, simpática, de resto, tenha sequer sonhado com o que escreveu? Amanhã tenho de tirar a limpo.

A pergunta vinha numa sequência de questões sobre o ‘Auto da Índia’ de Gil Vicente e pedia aos alunos que refletissem sobre o poder da sátira no teatro vicentino. Eis o que me calhou na rifa:

“… o teatro vicentino é caraterizado pelo poder da sátira porque no antigo Egipto, Sátira tinha o poder de criticar o governo, ou seja, criticar o Faraó. Se bem me lembro, Sátira era a mulher do Faraó.”

Não posso… não aguento mais… mas o que é que andam a dar àquele miúdo ao pequeno-almoço?