Morre-se de abandono… As mãos ao longo do corpo abandonadas. Abandonado o olhar ao ponto longínquo da desistência. Os argumentos e os contra-argumentos abandonados ao ouvido alheio.
Morre-se de abandono… O desapego da ignara prepotência. A desconfiança da religião e da ciência. A vida escorre lenta e difusa como um sonho no sono.
Morre-se de desumanidade… Não creio, já, em poetas e profetas. Não creio na marcha dos líderes nem dos falsos exegetas. Não creio no Homem nem na Humanidade. Abjuro a Pólis, a Urbe e a Cidade.
Assisto, consciente e incrédulo, Como se, ao morrer, soubesse que ia de facto morrer, Sem luz nem esperança, nem a salvação que todos alcança, Só o pensamento falido e austero de uma alma em desespero, Ao triunfo sonoro e ruidoso da ignorância e da inércia sobre o estudo e o esmero.
Em tudo sinto saudade de como foi. Não quero querelas, já, que não valem a pena. Não quero o Saber construído a pulso e suor de pensar para além do já pensado, Na mesma cama que a jactante e falaciosa opinião. A mesma que rebola pelo chão vazio de uma ideia.
Fico. Não parto, sequer. A partida, é já uma corrida perdida.
Ainda tenho o teu abraço
No meu corpo.
Ainda sinto em mim
O perfume da tua pele doce.
Ainda a tua voz
Me pergunta se vi os teus óculos.
Ainda não partiste
E já foi, há muito,
A hora da partida.
És a estrela
Na noite da minha vida.
A força
Do meu respirar.
Conjugação primeira
Do verbo amar.
A luz no breu,
O fogo de Prometeu
Sem castigo nem suplício.
Só o vício
De ter-te a mão
Na mão
E saber que isso
É o Universo que conheço e sei.
A única e verdadeira lei
De estar vivo e completo.
Ainda tenho o teu abraço
No meu corpo
E já me falta o chão…
E o teto.
Partiste de meu silêncio
E gritaste cá dentro
Uma vontade cega!
Partiste de mim
E percebi, enfim,
Que um amor tão grande
Não se nega.
Partiste de minha ilusão
Sem teres pisado o chão
Que te oferecia.
Partiste,
Indiferente,
Como se não fosse
Sofrer de gente
Este sofrer
Que por ti sofria.
Partiste
E não soubeste
Como a esta alma vieste
Desarranjar o concerto.
Partiste
E não soubeste
Que, por me não ganhares,
Te perdeste.
As palavras que te disse
E as carícias que quis fazer-te
Morreram sozinhas.
Tuas mãos
Nunca foram minhas.
Teu êxtase
Não me aconteceu.
Não colhi
O teu Olimpo
E foste tu
Quem perdeu.
Não me vi nos teus gestos,
Não cresci no teu olhar
E não foram para mim
As palavras proibidas
Que andaste a sussurrar.
Não houve saudações,
Nem despedidas.
Nem se fechou a porta
Que nunca se abriu.
Teu peito gélido
Não me viu.
E hoje,
Neste pódio de emoções,
Com o mar a meus pés,
Sei que sou
Mais do que fui
E tu és
Só o que és.
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