
Trago um novelo no peito,
Uma esperança sem jeito,
Um desespero sem razão.
Trago um novelo no peito
À volta de meu coração.
Trago um suspiro fundo e cavo,
Uma emoção reprimida,
Um doce com travo amargo,
Uma limpidez fingida…
No rosto
E nas entranhas.
Trago zagaias na voz
E, no olhar,
O sangue das façanhas.
Trago os dias presos
Sob os dedos acesos
Da revolta.
Trago a liberdade na passada,
A vontade certa,
A marcha errada.
Trago um povo perdido
E entregue à sorte,
Trago notícias de violência
E de morte.
Trago, enfim, a paz.
A paz dos esmorecidos,
A paz dos corações vencidos.
Trago um novelo no peito,
Uma esperança sem jeito.
jpv