Teve uma vida repleta e intensa. Não morreu novo, mas poderia ter vivido mais. O Poloni gostava, sobretudo, da companhia das pessoas. E amava o mar. Enfrentava ondas enormes, vinha de lá enrolado em água e cheio de areia, sacudia-se e voltava a investir. Nunca teve medo do mar. Adorava caçar caranguejos nas areias da praia de Chongoene. Rosnava a quem não lhe agradava e detestava ser encurralado em espaços exíguos. Enroscava-se na sua cama ao fundo do quarto e tudo estava bem desde que sentisse pessoas. Por vezes, a meio da noite, desatava a ladrar que nem um louco como se lhe tivesse sido confiada a missão de acordar todo o mundo adormecido. Era um bom guarda. Gostava de comer sem ser incomodado e roubava sempre um lugar no sofá ou mesmo um sofá inteiro. Onde quer que esteja, está no melhor dos locais e, por certo, anda a enfrentar ondas marinhas. Foi feliz e gerou felicidade à sua volta.
As aves em migração Desviam-se da rota, Perdem o Norte do voo E desencontram o lugar. E as flores florescem prematuras, Coloridas de êxtase, Ao sentir-te passar. As nuvens buscam outros céus E chovem as chuvas desencontradas Dos solos férteis, E vão beijar as areias Escaldantes do deserto. Hesita na passada A mulher que deambula E vira-se, para olhar, O homem que passa perto. Estas diferenças O Mundo não notou. Mas o mar… o mar reclamou. Certo rio desviou-se de seu curso Por te seguir. Galgou rochas secas a fugir E inaugurou rotas Por onde passavas. Procurava tocar-te, Perseguia teu odor E a luz do teu sorriso. E a água do seu caudal Não aportou Na rebentação do mar salgado Que reclamou.
E o rio reencaminhou-se. E as mulheres e os homens Voltaram às suas rotinas. E as chuvas caíram de novo Onde era suposto caírem. E as nuvens reagruparam Na rota certa. E voltaram a florir e a perfumar As flores onde se esperava que o fizessem. E as aves retomaram seus percursos, Os longos e os escassos, Para que pudesses, ó mulher, Regressar a meus braços.
O mar no horizonte. O mar é o horizonte. A graça de olhá-lo, De contemplar a ondulação Quase impercetível Que vem beijar o areal. A marcha ociosa, Do espreguiçado tempo De ter tempo para nada. As palmeiras disputam Os segredos de quem passa E o mar namorando A areia molhada.
Há um mar encapelado No meu peito. Revelam-se monstros, fantasmas, E figuras sem forma nem jeito. Há lumes a arder, Fumos encarniçados E mortes a morrer. Há criaturas que cospem fogo E salivam revolta. Há deuses agrilhoados E demónios à solta. E há, depois, O resgate da tua carícia, O encanto do teu olhar… Há esperanças que me entregas num beijo Mesmo antes de acordar. E há volúpias sedosas E a marca da tua pele de cetim. Há sons encantadores Que te embalam Para junto de mim.
Se soubesses, meu amor, O quanto gosto de ti. Se ao menos conseguisses imaginar Todos os peixinhos que há no mar, Nesse oceano sem fim, E quantas estrelas há no céu… Saberias uma centelha Das razões por que sou teu.
Basta a luz
Cristalina do sol firme.
Basta o azul
Intenso do céu a cegar.
Basta a areia
Desfazendo-se sob os pés.
Basta o mar
Conversando emoções inexplicáveis.
Basta um samba doce
Embalando a alma
E provocando a anca.
Basta o cão
Deitado a meus pés
Aguardando o destino de ambos.
Basta ser intensamente
Igual a mim.
Basta erguer a vontade
E deixar passar a vida.
Basta não indefinir
A coisa clara e definida.
Basta deixar morrer
O que mata a contemplação.
Basta não lutar
Todas as lutas alheias.
Basta não responder
Às motivações fictícias e feias
Que esgotam e desgastam.
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