Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Neblina no Caminho

sta-carolina

Já eras
A diáfana imagem
Da perfeição
Quando te conheci.
Já eras o amor
E a sedução
Quando me apaixonei
Por ti.
Róseo seio,
Delicada pétala,
Flor sem fruto
Na inocência da idade.
És memória,
E és saudade.

Já eras
Um mar encapelado,
Um vento revoltado,
No olhar
E nos cabelos.
Eras a graça,
O beijo inaugural,
O primeiro corpo
Sob o meu.
Tinhas um perfume
Adocicado e experimental,
A tua nudez,
A minha pele arrepiada
E o corpo tremendo.
Tinha medo de estragar-te.
Queria amar-te
Para sempre
E não sabia
Quanto era isso.
Paixão,
Amor,
Feitiço…
O sal do mar
Sabia melhor
Na tua boca.

Já eras
O caminho
E a caminhada louca.
Já vivia em ti,
Sozinho,
A minha solidão.
Feitiço,
Amor,
Paixão…

jpv


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Homem sem Tempo

Tempo

Já nada virá a tempo.
Perdi a vida,
Perdi o momento.
Perdi o sonho
Em nome do sustento.

E há essa pedra fria
Em que habitas.
Esse espinho cravado na alegria.
Essa manhã clara
Feita noite fugidia.
Essa porta fechada,
Destino sem rota,
Nem estrada.

O caminho que fizeste
Não tem trilho de regresso.
Só sangue negro e espesso,
Vitória sem sucesso,
O escuro à volta da luz.
Corpo de samba
Que não seduz,
Trevo de quatro folhas
Sem charme nem sorte,
Vida pujante
cheirando a morte.

E amanhã,
Quando me estenderes a mão,
E a sentires gelada como o chão
De inverno,
Não encontrarás, já,
O toque quente e terno
De um corpo com alma
E esperança.

O caminho que fizeste
Não tem trilho de regresso.
Pedra fria.
Porta fechada.
Homem sem tempo.

jpv