
As aves em migração
Desviam-se da rota,
Perdem o Norte do voo
E desencontram o lugar.
E as flores florescem prematuras,
Coloridas de êxtase,
Ao sentir-te passar.
As nuvens buscam outros céus
E chovem as chuvas desencontradas
Dos solos férteis,
E vão beijar as areias
Escaldantes do deserto.
Hesita na passada
A mulher que deambula
E vira-se, para olhar,
O homem que passa perto.
Estas diferenças
O Mundo não notou.
Mas o mar… o mar reclamou.
Certo rio desviou-se de seu curso
Por te seguir.
Galgou rochas secas a fugir
E inaugurou rotas
Por onde passavas.
Procurava tocar-te,
Perseguia teu odor
E a luz do teu sorriso.
E a água do seu caudal
Não aportou
Na rebentação do mar salgado
Que reclamou.
E o rio reencaminhou-se.
E as mulheres e os homens
Voltaram às suas rotinas.
E as chuvas caíram de novo
Onde era suposto caírem.
E as nuvens reagruparam
Na rota certa.
E voltaram a florir e a perfumar
As flores onde se esperava que o fizessem.
E as aves retomaram seus percursos,
Os longos e os escassos,
Para que pudesses, ó mulher,
Regressar a meus braços.
jpv

