Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Não Te Custava Nada

Não te custava nada
Emprestares-me essa almofada.
Não precisava ser dada, dada.
Bastava que fosse emprestada.

É que lhe fica tão bem assente
O que resta da minha mente
Que anda neste mundo perdida
Desde que te viu poisada
Nessa macieza adormecida.

Não te custava nada
Deixar misturar teus sonhos com os meus
Para que se encontrassem na noite escura.
Dormirem nossos sonhos separados
É torpe e vil tortura
Indigna de tua posição.
Basta que te chegues para lá
Metade de certa porção
Equidistante entre o teu
E o meu coração.
E, a meio da noite,
Por sinuosos e sonhados caminhos,
Encontram-se os sonhos alados
Na almofada emprestada…
Enquanto nós dormimos juntinhos.

jpv


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Musa Certa

Tu és a cura
Para a minha maleita.
O sol que espreita
Na minha escuridão.
Tu és a mão segura
Na minha indecisão.
Tu és a doçura
No meu desatino.
Eu sou o menino
E tu és a canção.
Tu és a cama
Para o meu cansaço.
A alma em que me espelho
E o corpo em que me satisfaço.
Tu és a gargalhada cristalina
Em meu silêncio acabrunhado.
Tu és a alegria de menina
Nos braços do velho cansado.
Tu és a ideia
Que me desinquieta.
A musa certa
Do incerto poeta.

jpv