Não cabe já nada Neste abraço. Sucumbimos à negação E ao cansaço. E ao medo. No universo infinito Das palavras apaixonadas, Calaram-se verbos Voluptuosos e promissores De intenções arrebatadas. Fechou-se o sorriso, Perdeu-se o timbre Da voz que prometia. entre ti e mim, Há, agora, Um fogo sem fantasia. Uma aurora pálida E cinzenta. Morreu a marrabenta. Sobrou, só, Um fado melancólico e triste. Onde antes floriu tudo, Já nada existe.
Corre uma brisa fresca Pela manhã do meu olhar. Os passarinhos laboriosos Rodopiam a chilrear Saudando a primeira luz. A acácia abre os braços, Expõe, sobre o verde, o carmim que seduz. Erguem-se esguias, elegantes, E despenteadas, as casuarinas. Correm para a escola Os meninos e as meninas. Um cão feliz finge que guarda E arfa vitorioso ao deitar. E visita-me a memória De tempos distantes E pessoas queridas Nesta africana harmonia. Sereno, sorrio ao mundo E saúdo o novo dia.
Princesa da minh’ alma, Senhora de meu coração, Comandante deste terreno Sem norte nem chão, Vem exercer teu reinado Em meu corpo despido, De teu desejo convertido Em pobre e humilde estalagem. Vem ser Senhora deste servo, Vem sujugá-lo a ti, Exigir-lhe apaixonada vassalagem. Não quero coroas, Nem espadas cintilantes, Quero somente as insígnias Dos amados e dos amantes, Esse arfar voluptuoso, Essa seda de odores Em meus lábios, Teu sexo exposto À minha investida obediente. Há no mundo tantos reinos E reinados tão diversos Sobre multidões de gente Ondulante e distraída, E ninguém percebe Que és tu a Senhora Deste sopro, desta vida… Já me ofereceram o mundo, Poços de dinheiro sem fundo Onde pudesse ser feliz. Já atendi a todas as mesas, Já comi em todos os banquetes Iguarias incertas E palavras repletas de certezas. E recebi os olhares E os sorrisos desejosos Das damas e das donzelas Mas não são elas… Só tu, Senhora da distância E do silêncio, Comandas meu Destino E meu Tempo.
Princesa da minh’ alma, Senhora de meu coração, Comandante deste terreno Sem norte nem chão.
Está em nós Toda a essência Do Amor. Está em nós Toda a ciência Da alegria E da dor. Está em nós A arte de colocar A minha cabeça No teu regaço E essa forma Única De segurares Meu braço. Está em nós A arte de um beijo Despudorado, Em público trocado. E está em nós Algo de eterno E não perecível, Tão antigo E tão renovado… A confiança De estares aí, A certeza deste encontro Desencontrado! E haver ainda Tanto para amar Depois de tanto Já amado.
Andaram tenteando intenções, mesmo sabendo que, fossem quais fossem as intenções, nunca lhes vestiriam a roupagem das ações. Conversaram na periferia da tentação, na escuma espraiada do desejo quando a onda já se foi embora. Outra virá. E aquela tensão entre o querer e o poder nunca se fez palavra, nunca se fez gesto.
Um dia, de frente para uma paisagem idílica, com um rio manso e animais bebendo na orla, ele aproximou-se por trás dela, sentada no banco do miradouro, e fez-lhe uma breve massagem nos ombros. E aqueles trinta segundos foram a sua eternidade. Depois, sentou-se a seu lado e ficaram os dois olhando a paisagem em silenciosa contemplação enquanto se reerguia entre si o muro. Foi um silêncio eloquente, jogaram-se ali todas as promessas imaginadas, todas as intenções, todas as hesitações e as impossibilidades todas.
A história não tem um final feliz. Foram às suas vidas, a ser quem acreditavam e podiam e deixaram tudo o resto para trás. Não voltaram a falar-se. Não voltaram a olhar-se nos olhos luminosos e húmidos. Guardaram de si a memória doce e fugaz daquela massagem de frente para o rio. Um dia, essa memória esfumou-se.
A história Começa muito antes, mas não nos demoremos, não percamos tempo, sigamos para o essencial. Chegou o dia em que lhe pediu que guardasse seu coração como algo precioso. Como uma jóia de amar, um belo e vistoso colar em pedras de paixão. No início era toda zelo e cuidado na forma como lhe tocava, como lhe pegava, e como o acariciava devagarinho para não o estragar. E depois veio o entusiasmo e a admiração e beijava-o, sôfrega e voluptuosa, e apertava-o contra o peito e dava-lhe dentadinhas de provocação em jogos de clara e magnética sedução. E quando já era seu, partiu-o e deixou-o abandonado numa gaveta esquecida. E ele ficou ali. À espera dela, que lhe devolvesse o seu coração intacto ou quebrado, a funcionar na perfeição ou estragado. E agora vive só, entregue ao seu azar, à procura de quem saiba consertar corações despedaçados. Deambula, perdido, pelas ruas, vivo e sem coração que preste.
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