
Não foram
As palavras que me disseste.
Foram as que ficaram por dizer.
Não foram os beijos
que me deste.
Foram os que preferiste esconder.
Não foi o abraço longo e seguro.
Foi teres erguido o muro.
Não foi a tua voz cristalina
Contando histórias de menina.
Foi a hesitação…
Foi ter faltado
A letra na canção.
Um corpo voltado
E uma mão estendida e vazia
No frio da noite.
Nunca se guarda
Uma palavra que se pode amar!
Nunca se suspende
O tempo de entregar
Uma mão noutra mão.
Nunca se recusa
A coragem
De quem se atravessa
Na solidão
E nos entrega
Um peito aberto,
Voo planado sobre o deserto
da existência.
Sem teoria,
Sem nenhuma sabedoria
Que não seja a dádiva
A um ser que ama antes das palavras,
Com as palavras
E depois delas.
Não se nega a existência
Quaisquer que sejam
Os contornos da Ciência.
jpv