
Já ouvi chamar
Corpo de pecado
Às linhas curvas
Com que me endoideces,
Mas não vejo que haja crime
Na imagem de teu corpo deitado
Sob minhas súplicas
E minhas preces.
Já ouvi chamar
Dança da tentação
Ao movimento de tuas nádegas
Enquanto teus pés evoluem no chão,
Mas eu não me sinto tentado,
É de livre vontade,
Passada firme e ritmo certo,
Que meu corpo segue o teu para todo o lado.
Já ouvi descrever-te
Com palavras de luxúria
Vindas de homens desenganados
Com a mente em desespero
E a libido em fúria,
Mas não tenho por ti
Qualquer desejo carnal,
Deitar-te na minha cama
E inaugurar-te o corpo inteiro
É ímpio e sagrado ritual.
E há nesta inversão
Alguma coisa de enganoso
Que é confundir o milagre do teu sexo
Com algo vil e pecaminoso.
Eu sou o fiel seguidor,
E tu, a sensualidade perseguida,
Não pode haver falta de pudor
Em tão singela forma de vida.
jpv

