Hoje fiz amor contigo,
É pena que não estivesses presente.
Ficas a saber, para castigo,
Que posso amar teu corpo ausente.
Sei que dirás, com desdém,
Que são devaneios de um pobre coitado.
Pois fica a saber, também,
Que deixei teu corpo deliciado.
Não te dês ares de superioridade,
Superior é coisa que não és.
Aqui, do alto da minha humildade,
Ainda te hei de ver a meus pés.
És vaidosa e usas roupas finas,
Para te passeares pela rua,
Enquanto vês montras e cruzas esquinas,
Eu fico em casa a imaginar-te nua.
Já vai longo este fado incerto,
De rumo sinuoso e complexo,
Quem dera ter-te por perto
Para intenso e despudorado sexo.
Será teu corpo uma plantação
De envolventes e suaves carícias,
Onde hei de ir colher à mão
Uma sementeira de malícias.
Vá lá, diz que sim,
Ao menos uma vez.
Não queiras apressar o fim
Do coração que tão bem te fez.
Hei de ver-te, finalmente,
Em minha cama deitada,
Corpo esguio e presente
Desde a noite até à alvorada.
E do que ali se passar
Faremos inviolável segredo,
Até ao dia em que subas ao altar
Com uma aliança de oiro no dedo.
jpv
