
O olhar húmido
E inseguro.
Olhos pequeninos
Que brilham no escuro…
E suplicam.
Lábios finos
E gentilmente recortados
Ameaçam um sorriso
Que fica…
Na intenção.
Os dedos frágeis
E longilíneos
A explicarem-me as palavras.
Seios redondos,
Bem definidos,
E pequeninos,
Insinuam-se no teu peito
Ao peito que lavras…
De amor.
Tens a cintura da donzela
E o sexo da mulher.
Tens no corpo,
Sem saberes,
As obras do desejo
Que o homem quer.
Estás sentada
À porta do meu coração.
Sempre nua
Como a Thétis
Que o monstro petrificou.
Não estou mudo, eu,
Nem quedo.
Debato-me com a ânsia e o medo
De possuir-te,
De ter-te em meus braços,
E haver nisso
Um funesto e terrível feitiço.
Que estender-te a mão
E tocar-te
E prender-te minha
Desfaça a ilusão
E morra a esperança
E a melodia.
Ficarás sentada,
Em pose ténue e fugidia,
À porta de meu coração.
jpv