
Lá Longe
Lá longe
Na terra das memórias queridas,
Dos odores persistentes
E das aves coloridas.
Lá longe
No tempo de ser menino
E ter a esperança toda,
Meu pai afagava-me a cabeça
E o mundo fazia sentido,
E a voz de minha mãe
Afastava qualquer perigo.
Lá longe
Onde as águas se precipitavam em cacho
Em pique-niques abundantes
Na liberdade da conquista
De ser-se homem.
Lá longe
No tempo de minha avó
Me trazer mimado
Com sumos de tomate
E batatas fritas antes de fazerem mal.
Lá longe
Onde me perdia no mato
Com meu avô,
Criança como eu.
Lá longe
No tempo de olhar o céu
E extasiar-me com o tamanho do Universo.
Lá longe
Onde o comboio era uma festa,
Um fogo de artifício
Crepitante
Almejando o infinito.
Lá longe
Onde se ouviu o grito
E o trovão.
Lá onde onde nasceu tudo
E tudo feneceu.
Lá longe
Ficou a criança
Que vim a ser eu.
jpv
06/03/2012 às 20:54
Mano, está fantástico! exceto a parte do sumo de tomate porque graças a esse teu gosto esquisito, lá acharam que eu devia também partilhar dele e vai daí que tive de “enfiar” umas litradas(esta não te desculpo!)
Ainda há dias a mãe falava do comboio que passava devagarinho, tão devagarinho, que dava tempo de ir pedir umas laranjas “emprestadas” e voltar a entrar!
Obrigada pela partilha de memórias que tenho através de ti, dos nossos pais, tias, avós!
Beijo
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06/03/2012 às 12:44
Pudesse eu conhecer essa terra distante e querida!!!´
Lindo, Lindo, muito lindo.
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06/03/2012 às 12:29
Pois está!
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06/03/2012 às 09:27
Lá longe, não está tão longe. Quando se escreve assim sobre a distância, o país que está longe ainda está no coração.
Obrigada pela viagem!
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