
Oiço as canções
Do vento.
Mais lentas
E dolentes,
Mais inquietas
E desassossegadas,
A fazerem um pardal
Tombar na corda
E tentar
Equilibrar-se junto à papaia.
O mar enfurece-se,
Chamando a isso,
Subir um pouco as calças.
E os pardais
Atrevem-se a ver
O que está nas mesas,
E as pessoas
São generosas.
As mulheres
Viram-se nas camas,
Algumas aborrecem-se
E vão para o quentinho dos quartos.
O que daqui se avista,
É o ondular do mar,
Insensível às nossas coisas.
A piscina continua a oferecer-se,
Mas, hoje, não tem clientes.
Ouve-se uma canção
Indizível entre dois pescadores,
E um deles
Passa com a mesma cama
Na minha frente.
jpv
