Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Paradiso VI

Oiço as canções

Do vento.

Mais lentas

E dolentes,

Mais inquietas

E desassossegadas,

A fazerem um pardal

Tombar na corda

E tentar

Equilibrar-se junto à papaia.

O mar enfurece-se,

Chamando a isso,

Subir um pouco as calças.

E os pardais

Atrevem-se a ver

O que está nas mesas,

E as pessoas

São generosas.

As mulheres

Viram-se nas camas,

Algumas aborrecem-se

E vão para o quentinho dos quartos.

O  que daqui se avista,

É o ondular do mar,

Insensível às nossas coisas.

A piscina continua a oferecer-se,

Mas, hoje, não tem clientes.

Ouve-se uma canção

Indizível entre dois pescadores,

E um deles

Passa com a mesma cama

Na minha frente.

jpv


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Dragões a Cuspir Fogo e Searas ao Vento

Não é possível descrever-te
Sem mencionar dragões a cuspir fogos
De entusiasmos imprevisíveis.
Não é possível evocar-te
Sem sentir na pele o sopro do vento
No sussurro de searas ondulantes.
Não é possível imaginar-te
Sem mares azuis e ilhas desertas
Sob bátegas de água
Galopando relâmpagos e trovoadas.


Universo de lágrimas fáceis e sentidas
Enamoradas de gargalhadas cristalinas.
Determinação de mulher.
Insegurança de menina.


Não é possível descrever-te
Sem mencionar incoerências lógicas
E a leveza do passar.
Não é possível evocar-te
Sem sentir o odor de mulheres sensuais
Bailando ao som de melodias exóticas.
Não é possível imaginar-te
Sem atitudes ousadas e desarmantes
Onde antes morava a impossibilidade.

Universo de Causas, de Amor e de Fé
Enamorada de silêncios longos
E espaços reclamados.
Obstáculos tombados,
Convicções erguidas.
Dar e receber sem tempo
Nem medidas.

Tu.

jpv