Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Despedida…

Meu irmão. Meu querido irmão. O que já me fizeste chorar de comoção e alegria e saudade e tristeza. Tu, sim, és puro e Humano como há poucos… tu és moçambicano e do mundo todo. Tu és um amigo como há tão poucos e Moçambique me deu tantos! Desculpa-me a indiscrição, mas tenho de tornar públicas as tuas palavras! Khanimambo!

“Meu querido Amigo.

De quem tenho tanta admiração e respeito.
De quem tanto aprendi
A olhar e a ver o lado bom das pessoas e da vida.
Se antes fui cético quanto a um mundo melhor com as pessoas ou com a Humanidade, hoje sou um crente devoto a esta realidade.
Se antes achei que só conheceria o paraíso depois de passar deste mundo para o desconhecido
Creio agora que enquanto existir pessoas como o Senhor e a sua família, este mundo pode se tornar um paraíso

Lembro-me de o ter escutado em uma entrevista dizendo “ A escola deve ser humanizada” e logo o ensino deve ser humanizado, mas no Senhor há esta Humanidade em tudo.

Fora a escola e os teus alunos, formas cá fora outros alunos e não aqueles que precisam da didática, mas os que olham no Senhor e sente-se acomodados no teu ser.

Não sou muito de despedidas porque não tenho o hábito de deixar as pessoas chegarem-se a mim por uma razão muito simples que é está:
As pessoas saiem de nós do mesmo jeito que as deixamos se acomodarem dentro de nós. E fica cá dentro este vazio perturbador.

Meu amigo não quero crer que isto seja uma despedida, mas um até breve e desejo que sejas muito feliz em qualquer esquina deste planeta que chamamos de nosso e faça felizes as gentes que lá encontrares assim como fizeste com os moçambicanos ao longo desta década que cá estiveste e que Deus te abençoe abundantemente.

À Sra. Cláudia digo que foi um enorme prazer ter a conhecido e convivido com ela desde o condomínio até hoje.
Ela é um amor em pessoa e digo obrigado por esta sensação que a todos transmitiu e deixa e creio que não vamos nos esquecer dela.

À Isabel, ela é muito encantadora, espetacular, muito gira, tão alegre. A alegria dela é tão contagiante que deixa a todos inocentes. Tenho por testemunhas a Dona Tina e o Fernando.

À Sra. Ângela, ela tão calma e serena, muito afável e doce. Eu fico a com a voz dela dizendo “Dá cá um beijinho”.

Muito obrigado a toda tua família.

O mais fantástico é que voltas as terras de Camões, mas com tudo pensado.
Não me deixas só, arrumaste um jeito de me deixar com todas as tuas amizades, o Coronel Rui, o Jafete que já me chama por teu assistente pessoal, a Sra. Fátima…

Khanimbo
Ni khensile
Ni bhonguile
Muito obrigado

Um forte abraço 🫂 e façam uma boa viagem na graça de Deus.”

Cremildo Ellias Gavisse


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O Melhor de Moz

O melhor de Moçambique são as pessoas. Hoje, destaco um moçambicano extraordinário, não só como músico, mas, sobretudo, como pessoa: Stewart Sukuma.

You’ll be much missed, my friend!


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Xirico 33 – Um Adeus e Um Até Breve


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ENTRADA VIP


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A Variante Ómicron e o Preconceito Geográfico

Não. A variante Ómicron não “nasceu” na África do Sul e a decisão da União Europeia de fechar as portas de entrada aos viajantes oriundos da África do Sul e dos países vizinhos é ignorante, preconceituosa e discriminatória.

A variante Ómicron foi inicialmente detetada na Nova Zelândia, Inglaterra, Brasil, França, Índia e nas Filipinas. Como surge, então, o nome da África do Sul envolvido nisto? É simples. Devido a doenças como a malária, a tuberculose e a SIDA, a África do Sul teve de especializar-se em epidemiologia e tem dos laboratórios e das equipas de investigação mais avançados e sofisticados na área em todo o mundo. Por isso mesmo, foram especialistas sulafricanos que, em primeiro lugar, isolaram, sequenciaram e identificaram a variante. Depois, a ignorância jornaleira e política fizeram o resto. Confundiram tudo e despejaram em cima do continente subdesenvolvido o perigo de ser a zona de onde provém o Ómicron. Só que não é! Estes mesmos investigadores estiveram, de resto, na liderança de vários projetos que levaram à criação de vacinas.

Há mais. Como agora está na moda analisar números, eu apresento-vos alguns. Ontem, a Inglaterra registou mais de 50 mil casos, a França mais de 30 mil, a Itália mais de 13 mil, a Espanha mais de 9 mil, Portugal registou mais de 3 mil casos e… aqui em Moçambique houve 3 casos!!! Na Árica do Sul, um país maior que estes todos juntos, que toca ambas as costas do continente africano, a oriental e a ocidental, houve 2 828 casos! E são os africanos que não podem viajar para a Europa? Só se for para nos proteger!

Sejamos sérios. Há um lamentável preconceito geográfico com África. Aqui fazem-se os testes das vacinas que depois se distribuem na Europa, em primeiro lugar. Aqui está, por defeito, a ignorância, a inaptidão, a fome, a pestilência, a criminalidade e tudo o que é mau. Daqui partem os males do inferno que poluem o paraíso civilizado e assético que se vive na Europa.

E há aspetos que são gritantes: porque é que as viagens de e para a China não foram interditadas quando começou a pandemia?

Ainda me lembro, quando começou a pandemia, dos voos humanitários a evacuar portugueses e cidadãos de outras nacionalidades de África para as suas pátrias amadas com medo de morrerem aqui às mãos do vírus e da falta de condições do pobre e subdesenvolvido continente! Afinal, não andámos aqui a tropeçar em cadáveres. Com toda a tranquilidade, implementámos as medidas de prevenção e segurança e sobrevivemos, sem medo, nem preconceito geográfico, a um mal que é de todos e todos temos de enfrentar. Mas temos de estar unidos. Temos de assumir que isto é um problema de todos. Não é culpa de uns para outros serem vítimas.

Assim, importa dizer aos amigos e familiares que têm tentado entrar em contacto connosco que estamos bem. De facto, e Graças a Deus, estamos muito bem. Desconfio, até, que estejamos um pouco melhor do que se está na Europa. Desejamos a todos que superem mais esta onda de adversidade onde quer que estejam. Preconceitos à parte. Sobretudo, os geográficos.

jpv


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Inigualável Moçambique

Já visitei muitas paragens e é um facto que o Mundo tem belezas extraordinárias um pouco por todo o lado. Acontece que me sinto um privilegiado por viver entre dois dos mais belos países do nosso planeta: Portugal e Moçambique. Não resisto a partilhar algumas imagens recentes captadas em Moçambique. Inigualável.

[O tamanho e a resolução das imagens foram propositadamente reduzidos para efeitos de publicação.]

Clique nas imagens para ver individualmente.


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ANÚNCIO!

É mesmo verdade. O tão ansiado dia chegou.

O primeiro romance integralmente concebido e redigido em Moçambique será lançado já na próxima terça feira, 22 de junho no Instituto Camões.

Toda a ação se desenrola em Moçambique, com a Capital, Maputo, a assumir a centralidade deste “Romance de Rua”.

Infelizmente, por via da Covid-19, o evento tem uma assistência limitadíssima e torna-se impossível fazer o que mais desejava: convidar todos os amigos e leitores. Por isso mesmo, estamos já a planear outras apresentações.

O livro estará disponível nas principais livrarias de Maputo e poderá ser encomendado online.

Um agradecimento muito especial à Editora Cavalo do Mar na pessoa do incansável Mbate Pedro, à Olga Pires, revisora e conselheira, ao BCI, generoso patrocinador da publicação e ao Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

Vamos dando notícias por aqui.
Gratidão!

João Paulo Videira

“QUEM LIXOU ISIDRO CASTIGO?” é a quarta publicação do autor, a terceira em prosa.
Títulos anteriores:
“De Negro Vestida, 2013, Romance.
“A Paixão de Madalena, 2015, Romance.
“O Livro do Leitor – Leve Passada”, 2019, Poesia.


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Eh lá! Not Normal Mr. Trump!

Bom dia, caros Amigos e Leitores.
É normal, Graças a Deus, termos cerca de 200 visitas por dia.
Também é normal, e compreende-se, que sejam, sobretudo, oriundas de Portugal e Moçambique.

O que não é normal, mesmo nada normal, é, às dez da manhã, haver quase uma centena de visitas oriundas da Terra do Tio Sam ou, nos dias que correm, da Terra do Tio Trump!

Huuummmm… aqui há gato…
Mr. Trump, and associates, I’m just a writer… 🙂 🙂 🙂 just a writer…
No politics involved! 🙂

jpv


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Crónicas de África – O Homem do Pau

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Crónicas de África – O Homem do Pau

Maputo, 3 de abril de 2015

Uma das irrevogáveis conclusões de quem se muda para o grande continente vermelho é que ‘África desformata-nos’. Tínhamos acabado de conversar sobre isto e não sabíamos ainda que dentro de momentos a nossa adaptabilidade seria de novo posta à prova.

O facto é que África tem uma força e um poder tremendo sobre as pessoas e obriga-as a tornarem-se mais fortes, mais adaptáveis e menos formatadas. Somos forçados a construir as nossas próprias soluções e sabemos que a única coisa absolutamente previsível é a imprevisibilidade.

Quisemos passar meia dúzia de dias junto ao mar, revisitar Vilankulos pareceu uma solução fantástica, sobretudo porque a escassos 30 minutos de barco fica a ilha de Magaruque e o seu recife de coral com milhares de espécies diferentes de peixes. Nadar ali é como entrar num gigantesco aquário de água quente. Ora, o nosso cão, Poloni, é companhia fundamental e por isso mesmo a escolha do alojamento teria de o incluir. Quando finalmente encontrámos um lodge de que gostávamos, dentro do nosso orçamento, e que anunciava ser ‘Pet friendly’, que é como quem diz, amigo dos animais, desconfiámos. Telefonámos. E do outro lado da linha a senhora confirmou, em tom entusiasmado, que podíamos levar o cãozinho, ela gostava muito e também tinha os seus. Ficámos satisfeitos. Pois, isto é África. Deveríamos ter feito mais perguntas. Entretanto, de entre a vasta oferta de quartos, quartinhos, quartões, casas, cabanas e chalets, reparámos que havia uma cuja descrição parecia muito confortável e até tinha dois chuveiros e uma cozinha. Não demos muita importância ao nome, ‘Payota’, porque nestes casos os nomes são simbólicos. Devíamos ter dado.

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A viagem, como sempre, foi fantástica. Como já aqui se escreveu, a estrada nacional 1, em Moçambique, está prenhe de vida. E, como tal, os 730km e as 11 horas de viagem levam-se bem. A primeira paragem foi em Xai-Xai, é uma cidade à saída de Maputo pois dista somente 200km da Capital. Parámos no ‘Pontinha’ e comemos uns deliciosos pregos no pão às 7 da manhã a conselho da Isa. Excelente conselho. Excelentes pregos. Pelo caminho fomos comprando fruta e quando estávamos a chegar ao destino, já percorridos alguns quilómetros em terra e areia, sim, que o Paraíso é maravilhoso, mas os acessos são tramados, e conversávamos sobre estarmos menos formatados e mais resistentes, a tal da resistência foi de novo invocada! À chegada ao lodge Dona Soraya, propriedade da própria Dona Soraya, uma senhora alta, muitíssimo empreendedora e determinada, indefetível contadora de histórias, com ascendência indiana, inglesa, espanhola e alemã, casada com o dinâmico e empreendedor Pieter, um suíço a viver em Moçambique há quase vinte anos, fomos recebidos por uma matilha de sete cães façanhudos, com ar de poucos amigos, rosnadela fácil e o pêlo a eriçar-se no lombo. Quando ela disse que também tinha CÃES, eu sabia que CÃES era plural, mas estava longe de imaginar tanto plural. Ora, o Poloni tem o seu feitio e não se ensaia nada para dar uma rosnadela feroz, mas estou convicto de que o meu cão não sabe contar, é que, até eu que fui para letras, percebi de imediato que eles eram muitos. E não acharam piada nenhuma ao caráter do novo amiguinho e fizeram-se a ele e vai de o morder até eu os conseguir afastar a todos. Mais tarde, ainda fiz uma nova tentativa de aproximação amigável e diplomática, mas nova saraivada de mordidelas, com o Poloni sempre a ajudar à festa com seu rosnanço grosso, fez com que Dona Soraya me desse uma lição. Uma lição e um pau. A lição foi eu não perder tempo a tentar fazer que eles ficassem amigos porque quando os animais não querem é porque não querem. E o pau foi para eu marcar território e mostrar quem manda. ‘E se for preciso dê-lhes com ele!” Não foi preciso. Assim que os sete façanhudos me viram de pau na mão, nunca mais se aproximaram de mim quando eu estava com o Poloni. Ficavam a olhá-lo de longe e a respeitar a minha autoridade que na verdade não era minha, era do pau. Mas há mais. Quando eu passava por eles sem o Poloni e sem o pau vinham abanar-me a cauda e lamber-me as mãos e até foram comigo à praia e guardaram-me as coisas enquanto fui ao mar. Assim, mais ou menos como se eu fosse um deus na terra. Ora, durante aquela semana, quem me via de pau na mão, via-me com um cão junto a mim e sete ao largo. Quem me via sem pau na mão, via-me a ser venerado por sete façanhudos e eriçados muito dóceis cãezinhos!

Ora, Soraya fala tudo. Português, inglês, francês, alemão e espanhol. Algures entre o português e o espanhol, com algum inglesamento, ela agarrou na palavra ‘palhota’ e converteu-a em ‘payota’. Palhota é uma casa de palha e foi isso que alugámos. Confortável, claro. Com os tais dois chuveiros e a cozinha que mal usámos e uma vista ultrajantemente bela a partir do jardim do lodge. Em todo o caso, é uma casa de palha. Ou seja, o contacto com a Mãe Natureza é mesmo muito próximo. Eu fiz amizade com um lagarto que dormia por cima da minha cama, no teto, e juro que não foi preciso ar condicionado porque o ventinho corria à vontade por entre a palha da palhota. Tudo aquilo foi uma imersão em padrões africanos a exigir adaptabilidade e a proporcionar umas férias genuínas de lume aceso onde eu, o Pieter e o Werner discutíamos política, finança, técnicas de acender o lume e resolvíamos os problemas do mundo enquanto grelhávamos uns bifes e umas salsichas de nome impronunciável. Foram uns dias muito bem passados e eu senti-me particularmente bem, assim como uma espécie de chefe da tribo. Afinal de contas quem tinha o pau era eu!

jpv


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Crónicas de África – A Boleia

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Crónicas de África – A Boleia

Dar boleias não é prudente. Nem aqui, nem em qualquer outro lugar. Este homem anunciava histórias interessantes. Era uma carrinha branca, agastada com a idade, a resmungar quilómetros e a revoltar-se contra a falta de combustível. E, junto a ela, um senhor de cabelos brancos, ar humilde e respeitável, um pequeno jerrican improvisado de uma lata de óleo do motor, o braço a fazer sinal, não como quem manda parar mas como quem pede ajuda.

E eu parei. Abri o vidro do lado dele:
– Então, há azar?
– Sim, pode chamar-se azar. Fiquei sem combustível. Ainda pensei que ela aguentasse, mas ela se negou. Não quer ir mais. Há um posto de combustível junto ao Game, não precisa levar-me até lá, posso apanhar uma ligação.
– Não há necessidade disso. Eu passo à frente do Game, deixo-o lá.
– Muito obrigado.
– Não tem de quê.
– Eu tenho tempo, sabe. Saí cedo de casa. Sou reformado do Estado há 4 anos.
– Posso saber a sua idade?
– Tenho 65.
– É um homem novo.
– Ainda sou novo, mas já fui mais novo. Sabe, às vezes bebo umas…
– Desde que não seja em excesso…
– Claro. O excesso faz-nos perder a responsabilidade. Eu bebo só o suficiente para abrir um sorriso. Por vezes, é preciso abrir um sorriso.
– E gosta da vida de reformado?
– Claro. As reformas do Estado são pobres, sabe, mas a vida privada tem muito valor. Não é incómodo ir até ao Game?
– Não, nada disso. Eu trabalho na Escola Portuguesa.
– É professor?
– Sou.
– Eu fui aluno, sabe. Fiz a sétima classe do Curso Industrial. Naquele tempo não havia energia. Estudávamos à luz das velas. A energia traz das suas. Quando estudávamos à luz das velas não chumbávamos. Quando veio a energia começámos a chumbar.
– Distrações…
– É… mas hoje ainda é pior. Eu vejo pelos meus netos. Na hora de estudar estão ali a ver a telenovela quando deviam estudar.
– Os tempos mudam, sabe.
– Mas não mudam sempre bem. Primeiro veio a liberdade, depois houve ali 10 anos que estivemos morrendo um bocadinho e depois levantámos a cabeça. É, nem tudo muda bem. No meu tempo não tínhamos dinheiro de lanche, mas nos divertíamos e brincávamos e poupávamos para ter um dinheirinho de lanche. Hoje, pai que não dá dinheiro de lanche parece que é criminoso. Isso está mal.
– Chegámos, senhor…
– Sibambo. Era para ter o nome do revolucionário, mas depois mudaram para Sibambo. Acho que tiveram medo.
– Tenha um bom dia senhor Sibambo.
– Muito obrigado, senhor professor.

Andamos nós gastando tempo à procura das causas do insucesso e elas aí estão. Energia e seus derivados. O senhor tinha uma dicção perfeita, falava pausadamente e não tinha dúvidas em relação às suas reflexões. Pensava e estatuía as ideias com as palavras serenas e firmes que encontrava. E nós podemos discorrer das dicotomias do empirismo e conhecimento construído, mas o certo é que o conhecimento do senhor Sibambo também é construído. Construído com as suas experiências e convicções, estudado à luz da vela, posto em prática ao serviço do Estado ao longo de 35 anos. Uma boleia para ele. Uma aula para mim.

jpv
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*Game: superfície comercial em Maputo, mais precisamente na Costa do Sol, ao longo da Marginal.
*Sibambo: nome semelhante ao do herói moçambicano Eduardo Chivambo Mondlane.