
Um ritual.
Um ícone.
Uma moldura.
A luz exterior
Recortada
Por tua figura.
Não se trata
De brônzea estátua,
Nem poema com rimas
E melodia a condizer.
Não são versos
Cinzelados em mármore
À espera de morrer.
Não é placa comemorativa,
Nem registo oficial
A gravar na História.
És só tu,
Desenhada na minha memória.
Heroína do trabalho
A cada dia que passa,
Braço estendido
Na intenção do livro
Revelando teu corpo
Colado na vidraça.
E há dor,
E há prazer,
No teu gesto
E na tua dedicação.
Há miúdos a crescer…
Há poesia nisto tudo,
E em tudo isto
Não há poesia nenhuma
Porque em teu hábito
Se consuma
A glória
E o anonimato
Do que fazes
E não se vê.
Vives nestas paredes
E nelas morres.
E há nisso
Um não sei quê
De perene
E efémero sentimento.
Tu és a eternidade
Captada
Em singelo
E breve momento.
jpv