Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Casa & Jardim – Centro de Mesa em Ouriços

Sempre à procura de prestar um serviço público de qualidade, sempre na senda de dois dedos de prosa, MPMI apresenta conselhos práticos para cuidar da sua casa, do seu jardim, das suas plantas, da sua decoração de interior e exterior e, porque não, da sua saúde.

Centro de Mesa em Ouriços

As nossas casas precisam de cuidado, de um toque personalizado e, sobretudo, de um certo traço rústico em meio de uma vida marcada pelo urbanismo, mais do que pela urbanidade.

Qualquer mesa é uma mesa, mas nem todas as mesas são uma declaração. Nesta altura do ano, ainda o Outono europeu vem longe e as castanhas são uma miragem, e já os frutos do castanheiro se escondem em seus ouriços picantes. É, pois, o tempo de começar a pensar num statement tão elegante quanto afirmativo do seu bom gosto, caro leitor.

Um centro de mesa com velas perfumadas, pinhas velhas e uma base de estanho impressionará convidados, amigos e familiares.

Coloque a base sobre uma superfície plana e sólida, disponha os ouriços em círculo. Cuidado para não se picar. O processo de abertura dos ouriços e sua disposição pode ser perigoso. Os espinhos são discretos, mas muito cortantes. Ainda o leitor julga que está bem e, súbito, já tem o dedo picado. Essa picada infeta rapidamente e pode mesmo gangrenar. Em todo o caso, a beleza do centro, em comparação com o risco, compensa sobremaneira. Por vezes, os picos são tão finos e cortantes que não damos por eles senão já tarde demais. Coloque as pinhas no centro deixando um orifício circular entre elas onde colocará a vela previamente comprada.

Disponha numa sala, de preferência a um canto, pois não queremos que o perfume da vela seja impositivo, nem que o ouriço da castanha rasgue a veste do convidado ou o fira num membro.

É um centro próprio do Outono, mas cria um efeito surpresa insuperável se apresentado no Verão. Chegada a altura, não se esqueça, cruas, cozidas ou assadas, coma as castanhas! Afinal de contas, era o que imperava na alimentação mediterrânica antes do arrivismo inoportuno da batata.

jpv


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Casa & Jardim – Frésias

Sempre à procura de prestar um serviço público de qualidade, sempre na senda de dois dedos de prosa, MPMI apresenta conselhos práticos para cuidar da sua casa, do seu jardim, das suas plantas, da sua decoração de interior e exterior e, porque não, da sua saúde.

Frésias

As frésias são originárias de África, muito em particular da África do Sul.
São amplamente conhecidas pelas suas cores variadas e pelo seu intenso e duradouro perfume.
As cores dominantes são neutras. A frésia não gosta muito de assumir, prefere ficar na sombra e, sobretudo, no recato escondido do interior da habitação.

A frésia só gosta de apanhar sol de um lado pois prefere esconder uma das suas faces e nunca revelá-la.
É uma flor enganosamente frágil, uma vez que apesar da sua estrutura e constituição de aparente vulnerabilidade, a frésia é de essência cítrica e ácida o que pode provocar erupções cutâneas alastradas e mesmo alergias respiratórias que, não sendo curadas, podem tornar-se crónicas ou mesmo fatais para quem se expõe à frésia.

São muito usadas em França nos adornos florais das noivas. E a tradição já vem de muito longe. Na sua extensa e excelsa obra literária, Victor Hugo, que era francês, retratava essas noivas franzinas e macilentas, de olhos encovados e sorrisos enganadores, com os enormes ramos de frésias ao colo. Depois de umas quantas cópulas com seus gordurosos e brutos maridos, as noivas sucumbiam ao odor agradável, contudo, acidulento das frésias.

Quer pouca água, muita sombra. Podem ter-se em vaso, mas são particularmente belas em jarras de loiça da Companhia das Índias, mesmo das de imitação que a vida não está para luxos. Nunca colocar no quarto. Fazem uma ótima entrada, sobretudo, se houver uma escadaria para subir a pulso.

jpv


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Casa & Jardim – Antúrios

Sempre à procura de prestar um serviço público de qualidade, sempre na senda de dois dedos de prosa, MPMI apresenta, a partir de hoje, conselhos práticos para cuidar da sua casa, do seu jardim, das suas plantas, da sua decoração de interior e exterior e, porque não, da sua saúde.

Antúrios

São plantas enganadoras. Por trás de um aspeto apelativo, comportam ilusões e desilusões e carecem de um cuidado quotidiano e aprimorado, talvez mesmo, vigilância, para que não deteriorem qualquer ecossistema à sua volta.

O antúrio dá-se bem em ambientes húmidos e viscosos, pantanosos e lamacentos. Alimenta-se de nutrientes que resultam da putrefação do solo. A zona atraente e vermelha não é a sua flor. É de facto uma eflorescência, ou seja, uma espécie de anti-flor. A flor é aquela formação amarela. A parte vermelha atrai os insetos que são depois desiludidos porque o que parecia não era e sobra só o pauzinho amarelo.

Fica bem numa sala ampla ou numa entrada, mas atenção, o antúrio consome imenso oxigénio e a partir de um período curto de tempo em jarra, começa logo a poluir a água e larga um cheiro fétido. Em suma, o melhor, mesmo, é mantê-lo no exterior. Dentro de casa é ideal quando vêm visitas indesejadas e queremos despachá-las rapidamente.

Enfim, a beleza inquestionável do antúrio não compensa os riscos e as desvantagens que comporta.

jpv