
Não é a palavra sentida.
Não é sentida.
Não é palavra.
É um rumor de existência,
Uma coisa que cresce e lavra
No peito do homem morto.
Não é religião, nem teoria, nem ciência.
Não é progresso,
Nem decadência.
Um pulsar.
Um pressentimento.
Uma coisa fechada.
Outra coisa lá dentro.
E cresce.
Não é o corpo que nasce,
Não é o homem que fenece.
Imagem sem sentido,
Explode e aparece.
Génese da coisa que não finda.
Não se vê.
E porque não se vê,
Sabe-se que é linda.
Precisão do impreciso,
Juiz sem juízo
E louco sem loucura.
Vazio.
Doce deleite
E penosa tortura.
Ideia.
Carreira.
Correria.
Luz na noite.
Sombra do dia.
Planície a percorrer
E precipício.
Coisa do fim.
Impulso do início.
jpv