Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Inteligência Artificial (4)

Consequências da resistência profissional à adoção de novas tecnologias na educação.

Estagnação pedagógica. Práticas ficam desatualizadas, reduzindo processos de inovação metodológica e diversidade das abordagens de ensino.

Perda de oportunidades de aprendizagem dos alunos. Os alunos não desenvolvem competências digitais, de literacia de dados e pensamento crítico exigidas pelo mercado e sociedade.

Aumento das desigualdades. Escolas/professores que adotam tecnologia avançam enquanto os resistentes ficam para trás, ampliando disparidades entre turmas e regiões.

Foto por jpv


Menor personalização e eficiência. Ausência de ferramentas que apoiem diferenciação, feedback rápido e monitorização do progresso prejudica aprendizagem individualizada.

Redução da motivação estudantil. Aulas pouco conectadas com ferramentas e contextos reais podem tornar‑se menos atrativas para estudantes.

Sobrecarga administrativa continuada. processos manuais e ineficientes mantêm carga de trabalho elevada para professores.

Perda de autoridade e credibilidade profissional. Alunos e comunidade podem perceber desfasamento, afetando a relação professor‑aluno e a imagem da escola.

Risco de isolamento profissional. Docentes resistentes ficam fora de redes de colaboração, formação e partilha de práticas inovadoras.

Incapacidade de responder a crises. Menor flexibilidade para ensinar em contextos remotos ou híbridos (ex.: pandemias)

Reforço de mitos e receios. Resistência amplia narrativas equivocadas sobre tecnologia, dificultando futuras mudanças.

Foto por jpv

Conclusão

Estas são algumas das consequências nefastas que uma negação a priori pode gerar. É necessário um claro investimento nas AI, mas seguindo, sempre os pressupostos aqui enunciados no capítulo anterior.

jpv


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Inteligência Artificial (3)

A formação docente é decisiva para que a IA produza ganhos reais em aprendizagem em vez de tornar-se numa tecnologia vazia ou um risco.

AI assencial?

Professores traduzem capacidades de IA em atividades educativas significativas.

Sem formação, docentes não conseguem avaliar com precisão, porque se revelam dificuldades ou qualidade das respostas geradas.

Foto por jpv

Formação permite planear tarefas onde a IA apoia objetivos de aprendizagem, não apenas substitui o trabalho do aluno.

Gestão ética e segurança. Professores precisam saber proteger dados, garantir privacidade e ensinar ética do uso.

Diferenciação eficaz. Usar IA para personalizar apoio exige competências para interpretar relatórios e adaptar intervenções.

Confiança e autonomia. Formação reduz receios e evita uso indevido (por exemplo, dependência de respostas prontas).

Competências-chave a desenvolver

Literacia sobre como funcionam modelos de IA e seus limites.

Avaliação de ferramentas. Critérios para escolher e validar aplicações seguras e adequadas ao currículo.

Foto por jpv

Criar atividades que promovam pensamento crítico, criatividade e verificação de fontes.

Interpretação de dados educativos gerados por IA (análises de progresso).

Práticas de privacidade, consentimento e mitigação de contrariedades.

Estratégias de avaliação que combinem IA e avaliação humana.

Formatos de formação eficazes

Formação contínua e prática (mentoria, comunidades de prática), não apenas workshops pontuais.

Aprendizagem baseada em cenários reais da sala de aula e co-criação de planos de aula.

Material contextualizado (língua, currículo local) e suportes técnicos permanentes.

Avaliação e certificação dos percursos formativos para reconhecimento profissional.

Barreiras a superar

Falta de tempo e carga horária para formação.

Inexistência de infraestruturas ou acesso desigual a ferramentas.

Falta de políticas e incentivos institucionais.

Receios sobre perda do papel docente.

Práticas para governos e escolas

Priorizar formação contínua.

Incluir formação em IA nos planos de desenvolvimento profissional.

Foto por jpv

Fornecer ferramentas seguras, versões offline e suporte técnico.

Criar diretrizes éticas, de privacidade e critérios de validação de ferramentas.

Envolver professores no desenho e avaliação das soluções de IA.

Conclusão

Pensar a profissão docente e, em particular, a introdução das AI, tem de criar uma barreira substancial entre o uso de um telemóvel em sala de aula, e uma prática inserida num ato consubstanciado pelas AI.

jpv


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Inteligência Artificial (2)

Foto por jpv – Praia do Pedrógão

Ao pensarmos a  “Inteligência Artificial” nas escolas entre o 7.º e o 12.º anos, não podemos assumi-la como uma moda, antes uma responsabilidade.

A falta de recursos é real, logo, sem formação docente e equipamentos decentes a conectividade em regime de equidade desvanece-se.


A disparidade nas ofertas é real. Escolas ricas recebem laboratórios e cursos; as outras ficam com app gratuitas e PDF. Isso amplia a desigualdade, não a corrige. 


Um aluno com um telemóvel e um chat não é IA educativa. Ferramentas genéricas que geram respostas rápidas não substituem currículo pensado, avaliação formativa nem mediação humana.

Foto por jpv – Praia do Pedrógão


Para que não me acusem de criticar, sem propor, em traços largos, como a IA deveria funcionar nas escolas.


Ser integrada no currículo: tarefas que desenvolvam pensamento crítico, literacia de dados e ética, não só “usar a ferramenta”.  Antes de usar a IA, há que pensar na sua ética.


Suportar o ensino, não substituí‑lo: feedback automático para exercícios repetitivos e professores como mediadores para discussões, interpretação e senso crítico. Isto é fundamental.


Acessível e justa: versões offline, equipamentos partilhados, formação contínua para docentes e material em língua e contexto locais. 


Transparente e segura: explicar como as sugestões são geradas, permitir correções e evitar vieses que prejudiquem alunos.

Foto por jpv – Gaivota

Usar a IA para diagnóstico e personalização controlada. As avaliações sumativas devem combinar tarefas humanas e verificáveis. E, deve-se ter em conta, a não utilização da mesma. Vulgarizar a avaliação formativa.

Se a política pública não investir em infraestruturas, formação e regulação, “AI nas escolas” será só mais um slogan. Comecemos pela igualdade de recursos e pelo propósito educacional, não por app dispersas por muito interesse que espelhem.

jpv


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Inteligência Artificial (1)

Pensar que os professores serão, alguma vez, substituídos por Inteligência Artificial, é uma falácia. Pensar, ainda que por hipótese, que os alunos serão ajudados por uma máquina, isso já existe desde antes de haver este tipo de máquina e este tipo de aluno. Raimon Llull, séc. XIII, com a sua Ars Magna; Gottfried Wilhelm Leibniz, séc. XVII, Mathesis Universalis; Charles Babbage, séc. XIX, conceito de computador programável.

Desde então a informática evoluiu pouco. Mesmo muito pouco. Terá evoluído ao nível dos resultados, mas não ao nível do pensamento intrínseco.

Os alunos continuam sentados, há mais de trezentos anos, da mesma forma, e, há tanto tempo, o mesmo, que são premiados os que se destacam por dizerem o mais parecido possível que os docentes.

Que um ministro venha agora dizer o que nosso ministro disse é pura ficção, falta de realismo gritante, um insulto.

Para que o facto fosse real era preciso que a inteligência artificial fosse credível, e não o é. Era preciso que os alunos tivessem, ao menos, uma ideia do que falamos, e não têm. Era fundamental que os professores tivessem uma noção homogénea e recursos pessoais e escolares do que se trata. Era preciso que todos soubéssemos de que falamos e como isso nos pode ajudar. Mais, era fundamental, que os pais soubessem do que se trata.

Vamos por partes: primeiro decidimos o que fazer aos telemóveis na sala de aula. Depois podemos começar a conversar sobre outras coisas que ainda não serão sobre a inteligência artificial.

jpv


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Thank You


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Frio gélido e acolhedor

Foto por jpv – Coimbrão

Está frio.

Não um frio gélido.

Mas um frio que acolhe,

Que trás uma voz

Que canta

Um passado

Com homens de barba rija,

E donzelas em apuros.

É um frio de fogos acesos,

Ainda nem um mês

Odiávamos o fogo,

E agora,

Somos nós que o trazemos

Para dentro de casa.

Fosse entender-te!

Como odeias e amas

Numa só frase…

Mas saber-te as razões

Era todo um tesouro

Que não quero.

jpv


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Gotas

Foto por jpv – Coimbrão

Agora caem gotas.

Ouço-as, sonoras,

Embatendo contra o chão.

Também ele, última morada.

Há pouco, pareciam não acabar,

Umas, atrás das outras,

Como se não houvesse outro fim.

Eu, aqui, pensando nos outros.

Garrett, Camilo, Eça

Perante um espectáculo

Tão intenso que quase metia medo.

Puxei uma cadeira,

Sentei-me,

Sem antes abrir a porta devagarinho.

jpv


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PS

Ontem, tive uma colega e uma camarada que me fez entender o conjunto de coisas que, achava ela, estavam erradas no partido.

E a conversa, não sendo pública, também não enfermava de coisas que, em última análise não se pudessem confessar. Era uma conversa sobre o mal que era fazer política e, como noutros tempos, a fazíamos bem. Tive até certas saudades ao ouvi-la.

Vem isto a propósito, de há uns dias, ter participado numa conversa bem estranha para os tempos que correm. Ocorreu com um colega que pensava não se poder dizer abertamente o que pensávamos. Que era melhor andarmos caladinhos.

Ora, com esta ideia é que não posso concordar. O meu pai, por exemplo, tinha uma orientação política diferente da minha, e não foi por isso que nos deixámos de nos entender. Não foi por isso que deixou de ser o homem que mais admiro. E, publicamente, acho mais rico todos nos respeitarmos e discutirmos com clareza aquilo em que acreditamos. Este convite ao silêncio cheira-me às maçãs de outro tempo, tinham bicho…

Eu sou do PS, nem por isso o meu voto é exclusivo disso. Mas esta parte é a que morre com cada um de nós.

Ao nível do ideário, ele é um ideário de esquerda, compatível com o PS e aberto a todas, mas a todas mesmo, discussões.

O que me preocupa é o cuidado a que as pessoas votam os seus critérios como se fosse um crime divulgá-los. Não há nada, rigorosamente nada que impeça de expressar a minha opinião num país livre e democrático, marcadamente e ensanguentadamente democrático.

jpv


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Fadas e Duendes

Foto por jpv – Pedrógão

Choveu.

Mas choveu muito.

Tanto, que as estrelícias caíram,

Tanto, que roupa não se aguentou no estendal,

Tanto, que tonto, fui ver quem andava lá.

E, foi essa visão noturna da casa,

Que espantou.

A casa não tinha ninguém.

Nem mesmo nós lá estávamos.

E o espanto veio

Com a manhã ensolarada,

Com as fadas e duendes

Que faziam refletir cada raio.

jpv


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Hás Tu…

Foto por jpv – Coimbrão

Tu não sabes,
Não poderias saber,
O quanto
Eu te amo.
Para além das outras coisas,
E aquém delas,
Hás tu.
Tu, só tu mesmo,
Sem modas,
Nem teorias,
Nem religiões,
Nem políticas,
Só mesmo tu.
És a esperança
Pela qual eu morro,
E prazer que não me
Deixa viver…
Não te desabitues
De mim.
Eu não sou assim.
Os meus hábitos
São como rochas
Que de fixam,
E dão paz.
Que não seja
A paz dos vencidos.
Amo-te.
E este amor
Não tem fronteiras,
Nem barreiras,
Nem se vive em nuvens
Com berloques de arlequim.
Este amor
É assim,
Como todas as coisas
Que nascem
Sem saber como.

jpv