Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Livro da Coragem – 16 –

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– 16 –

Eu sou europeísta e quis sempre acreditar no projeto europeu. Quase como se, depois de séculos virado para os monstros do mar, Portugal se virasse para as pessoas em terra. Além disso, a ideia de uma Europa unida, livre, forte, sempre me pareceu fazer sentido ainda que houvesse preços a pagar, o que, nestes casos, é normal.

Percebe-se, pois, que, no âmbito do referendo britânico, o meu coração batesse pelo remain, pela permanência, e tivesse recebido com tristeza e desilusão a vitória do BREXIT.

Ontem, contudo, vacilei. Com tamanha crise a braços, com problemas tão profundos para resolver como sejam a situação dos refugiados e a crise económica de todos os estados-membro da União Europeia, só para relembrar dois, o que o senhor Schauble escolhe, para se divertir, é fazer um bluf com um suposto pedido de resgate financeiro que Portugal teria apresentado por não ter cumprido em 0,2 as metas que se propôs. Logo a seguir às suas palavras, os juros da dívida pública portuguesa cresceram em todas as frentes.

Acresce que o incumprimento da Alemanha, da França e da Espanha, por exemplo, é muito maior do que as duas décimas de Portugal.

Schauble não consegue resolver os problemas sérios da Europa, mas exerce uma chantagem infantil, patética e desnecessária com Portugal. Não se atreve a enfrentar os grandes, mas dá porrada com força nos pequenos. Não foi com esta gente que aprendi a ser europeísta.

Este tipo não sofre sanções? Não paga o prejuízo causado? Ninguém o repreende? Não pede desculpa? Não se demite?

Ontem, tive ganas de um PTEXIT e se houvesse um referendo, àquela hora tinha votado leave!

João Paulo Videira


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Livro da Coragem – 11 –

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– 11 –

Uma coisa é o que somos, intrinsecamente, no fundo mais recôndito do nosso ser.

Outra coisa é o que projetamos ser. Algo bem menos belo e ambicioso porque conformado às condicionantes e coarctado pela realidade.

Outra coisa, ainda, é o que conseguimos ser. Uma imagem pálida e distante do que somos. Algo que se perdeu algures no emaranhado da vida, das cedências e dos compromissos.

E outra coisa, por fim, e a mais dolorosa, é a conversa que temos entre todas elas.

João Paulo Videira