Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Benfica – Sporting: Emoções do Dérbi

Antes (18:45 em Maputo)

Mais do que qualquer outro, este jogo move todas as paixões e as emoções todas. É um jogo de adversários sem ser um jogo de inimigos como, infelizmente, já acontece noutros casos. E é o mais imprevisível dos jogos. Num Benfica – Sporting não interessa muito quem é que vai à frente ou quem está em melhor forma. As equipas tendem a superar-se.

O jogo de hoje acontece numa fase crucial para ambas os emblemas. O Benfica está à beira de uma época de sucesso que, ironicamente, pode não acontecer. O jogo de hoje tem um papel nessa caminhada. E o Sporting tenta evitar o colapso total na época futebolística tentando amealhar os pontos suficientes para ainda ter acesso a uma competição europeia.

De forma fria, o Benfica está melhor, mais bem preparado, melhores jogadores, mais experiência, mais rigor tático, mais concretização, mas, de novo, a equação destes jogos nunca pode ser feita de forma fria porque, assim que a bola começar a rolar, a coisa aquece até fervilhar.

Se a tecnologia deixar, voltamos ao intervalo!
jpv


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Já lavavas a cara, não?

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O jornal “Record” tem promovido, e muito bem, o concurso “Miss Fanática Record”. Há poucas circunstâncias na vida mais agradáveis do que ir ler as notícias circunstanciadas das vitórias do SLB e encontrar umas moças simpáticas e fanáticas por bola.

O homem que negar que sonha com uma mulher que o acompanhe a ver um jogo de bola enquanto se bebem umas imperiais, ou não é bem homem ou está a mentir.

Mas há desilusões! Ontem à noite, lá fui ver o que é que a cachopada do Sporting andava a planear para tramar o Benfas e encontrei esta foto, que escureci por questões de pudor, hahaha, mas que, lamentavelmente, me fez logo dizer esta frase: já lavavas a cara, não?

Tudo tem limites e a quantidade de maquilhagem que se põe nos olhos é uma das coisas que os tem! Subtileza e discrição aconselham-se. Bom gosto também dá jeito!

jpv


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Sexta Feira Especial!



Hoje é sexta feira!
Mas não é uma sexta feira qualquer!
É que há uma combinação de astros fantástica que é a seguinte:
Ontem o Benfica ganhou e amanhã é Sábado!
Pode lá haver melhor?


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Crónicas de Maledicência – Uma Questão de Oportunidade

Crónicas de Maledicência – Uma Questão de Oportunidade

A Coreia do Norte não podia ter escolhido pior semana para iniciar a terceira guerra mundial. É que ninguém lhes vai ligar nenhuma. Os militares norte coreanos informaram o mundo que iam atacar postos norte americanos uma vez que haviam obtido autorização, ontem, para o fazer.

O assunto parece grave e até parece, em última análise, dizer-nos respeito a todos. Mas, quem lê os jornais portugueses, ouve e vê os noticiários portugueses e consulta a imprensa portuguesa na web, apercebe-se de que os coreanos não percebem nada de política, nem de guerra. Para haver uma guerra mundial, é preciso que o resto do mundo nos preste atenção. Ora, senhores coreanos, fiquem sabendo que hoje à tarde se demitiu o Senhor Ministro, Miguel Relvas, hoje à noite joga o Benfica, amanhã à noite fala o Nuno Morais Sarmento na RTP e, no domingo à noite, à mesma hora, na TVI e na RTP1, falam Marcelo Rebelo de Sousa e José Sócrates. Ou seja, vocês até podem querer essa coisa lá da guerra mundial, mas haja decência, falamos nisso lá para segunda feira. Daqui até lá, fazem favor de aguardar que a nação lusitana está em suspenso por via de motivos primeiros. Fachavor não incomodar com coisitas de somenos… lá agora guerra… um par de estalos é o que é!

jpv


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Crónicas de África – A Terra do Benfica

Crónicas de África – A Terra do Benfica

Maputo, 11 de fevereiro de 2013

Antecipemos juízos de valor errados: não é o benfiquista que vos escreve, é o mesmo João Paulo de sempre, o das “Crónicas de África”, o escritor, portanto. Equivale isto a dizer que estas palavras procuram, como sempre, a isenção, sem paixão clubística, neste caso.

Maputo é a terra do Benfica. Nunca vi, noutra cidade, como vejo nesta, uma manifestação de simpatia clubística tão acentuada, tão ferverosa.

Por exemplo, em dia de jogo do Benfica, seja ao sábado, seja ao domingo, seja mesmo durante a semana, são aos milhares, os habitantes de Maputo que envergam camisolas do SLB. Antigas, recentes, do equipamento principal, do secundário, genuínas ou falsificadas, tudo o que seja encarnado e tenha um emblema do Benfica serve. É engraçado vê-los atrás das esposas no supermercado, a empurrar o carrinho, é engraçado pararmos num semáforo e o carro ao nosso lado ter quatro homens lá dentro e todos estarem vestidos à Benfica. E eu perguntei:
– Bom dia, então para onde é que vão?
– Vamos ver o jogo! O Benfica é um orgulho nacional!

Esta resposta deixou-me perplexo. Ele disse vamos ver o jogo como se o jogo fosse em Maputo num dos estádios da cidade. E disse “orgulho nacional”. De que nação? Da Moçambicana? Da Portuguesa? Acabei por concluir que era o orgulho da nação benfisquista e a nação benfiquista é multinacional! E depois, à hora do jogo, os bares e os restaurantes que transmitem o jogo numa televisão enchem-se de camisolas do SLB a gritar ferverosamente goooolo!

Tenho de ser justo. Também se veem por cá camisolas do FCP e do SCP, mas o fenómeno não tem, nem lá perto, a dimensão do fenómeno benfiquista. São situações pontuais. Ora, quando joga o benfica, mesmo antes do jogo, ao longo do dia, é impossível atravessar-se uma avenida da cidade, ir a um supermercado, a um restaurante ou a um café sem nos cruzarmos com diversos simpatizantes vestidos a rigor! A cidade pinta-se de encarnado.

Assim, cito aqui uma expressão do meu colega e amigo benfiquista, Francisco Carvalho, sobre haver, ou não, seis milhões de benfiquistas. Diz ele na sua página do Facebook: “Seis milhões? Façam lá o update!”

Se eu pertencesse aos corpos dirigentes do SLB, tratava de premiar os habitantes de Maputo pelo seu inquestionável benfiquismo, nomeadamente, visitando, com a equipa principal, a capital moçambicana com alguma frequência. Assim, podia ser que, um dia, quando me dissessem “Vamos ver o jogo!” estivessem mesmo a dirigir-se para o espectáculo ao vivo e a cores com o clube do seu coração, o tal que é orgulho nacional!

jpv


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Sporting – Benfica: A Paixão do Dérbi


Sporting – Benfica: A Paixão do Dérbi

Primeiro, pensei em fazer um texto racional e sóbrio sobre o dérbi. Mas não dá. Se não, não era dérbi. Mesmo assim, dá para ser apaixonadamente racional. O que não é difícil se tivermos em conta que, sendo eu benfiquista assumido e convicto, o meu filho é sportinguista.

Esclareça-se que não sou aquele tipo de benfiquista que não vê uma falta feita por um jogador do Benfica. Eu veria, se eles fizessem, mas os jogadores do Benfas são tão excelsos que nem faltas fazem. Eu, pelo menos, nunca vi!

Sobre o jogo de ontem, que foi genericamente um jogo fraco, vou dizer uma verdade que oiço a certos comentadores: o jogo teve duas partes! Não sei como nunca tinha pensado nisto! Na primeira, dominou o Sporting que chegou ao intervalo a ganhar com justiça apesar de ser com um golo ao calhas. Ninguém acredita que o avançado do Sporting fez aquilo de propósito, nem  ele, porque se vê claramente que ele fecha os olhos antes de rematar. Um primor! Pode jogar no Euromilhões!

Na segunda parte, o Sporting desapareceu do jogo. Pura e simplesmente não tem ritmo competitivo. Fez um remate ao poste e depois sofreu três golos. Decidiu jogar com dois guarda-redes, mas isso não trouxe bons resultados. O Benfica, tal como o Sporting, marcou um golo ao calhas. A única coisa que se sabe do golo é que a bola entrou. De resto, fica a confusão total. O segundo é daqueles que dá raiva aos sportinguistas porque o penalti não é discutível. Pois… O terceiro é o melhor golo do jogo. Os tipos que dizem mal do Cardozo bem que se podem roer. O tipo, mesmo completamente desajeitado, continua a faturar quando e onde é preciso.

O árbitro esteve bem no sentido que não interferiu no resultado do jogo. Mostrou um amarelo justo ao Maxi Pereira que foi infantil e não expulsou o Wolswinkel (isto não se escreve assim, mas não me apetece ir ver, aliás, não é nome que se ponha a uma criança) como devia ter feito por entrada traseira e bárbara sobre um indefeso jogador das águias. Hihihi…

Quanto ao resto, gostei da festa e de ver as pessoas de família com cachecóis   de ambas as equipas e gostei de viver um dérbi a partir de Maputo. Não tenho televisão, por isso liguei-me a um site indiano que transmite uma televisão árabe que passa os jogos do Benfas. Foi fixe só que não percebi nada. Quer dizer, lá pelo meio percebia os nomes dos jogadores, mas o importante foi ver a redondinha a girar e o Benfica a ganhar! Como é que eu sei que era árabe? Aqui perto da nossa casa, pelas quatro da manhã, há um senhor que chama para a oração naquela língua. É mais bonito porque é mais tranquilo e porque, pelo meio, não é forçado a dizer Xorche Xessus…

E pronto, venha o próximo que este já está.
jpv


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É Este o Espírito!


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A Liga dos Campeões no seu melhor. Para azar dos catalães, o sorteio da fase de grupos colocou o Benfica no caminho do Barcelona. Temos pena! Até perdermos, vamos sempre dar quatro a zero!
Messi e os amigos que se cuidem. Isto aqui não é só facilidades como costumam encontrar frente ao Real Madrid. Se o nosso Melga se lembra de marcar na baliza do Barça um golaço igual ao que meteu na nossa baliza contra o Braga, desequilibra logo a eliminatória!

Beeeenfiiiiica!

Mai nada!

PS: boa sorte para os outros clubes portugueses a quem saíram equipas fortes, nós só temos de arrumar o Barça!


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Por muitos a zero!

Querida mana,

Lembro, por vezes, a eternidade das tardes domingueiras passadas a quatro, ou cinco, quando estava a Mimi, e lembro a sua simplicidade tanto como a fruição do tempo. Sermos uma família era mais, muito mais, do que termos laços de sangue. Era estarmos juntos.
O pai sentava-se na sua mesa, fazia contas, lia o jornal, escrevinhava papéis ou abatia-se sobre os braços e adormecia profundamente donde só acordava para comentar o que se estava a passar na tv como que anunciando “eu estou aqui, não estou a dormir”. Mas estava e isso não tinha importância nenhuma. A mãe sentava-se costurando uma coisa qualquer, fazia um bolo, conversava ou escapava-se para o quarto, ali mesmo ao lado, donde emergia sonolenta para fazer algumas das coisas que ainda agora referi. Nós andávamos pela sala, no chão, debaixo das mesa, como se esse território nos pertencesse em exclusivo. Espreitávamos a televisão e sobretudo, brincávamos.
Havia uma actividade que me entretinha imenso. Eu copiava um totobola para uma folha quadriculada e deixava um espaço grande entre o nomes da equipas para registar os golos. E no curso dessses dias distantes várias coisas não tinham acontecido ainda. Não havia transmissões televisivas do futebol e a riqueza do jogo dependia da arte dos senhores que gritavam “Gooooolo!”. Da forma como narravam o jogo, das suas opiniões, dos juízos de valor sobre a partida, do colorido que emprestavam às minhas tardes de Domingo. É curioso que, sem tv, havia menos casos de jogo. As faltas eram faltas, os golos aconteciam quando a bola entrava na baliza e, mais do que tudo isto, valia a festa. A festa fazia-se, também, dessa singularidade que era os jogos serem todos ao mesmo tempo, nas imensas tardes de Domingo. Por vezes, o senhor gritava “Goooooolo”, eu estava já aos pulos, radiante e festivo, quando ouvia “o árbitro anulou o golo”. Era um descer à terra, uma desilusão e retomavam-se as expectativas. E lá ia, Domingo a dentro, registando os golos na minha folha quadriculada.
Nessa altura, havia o hábito salutar de se investir muito no jogo e menos nas coisas à volta dele e, fosse por isso ou por outra qualquer e desconhecida razão, havia sempre quem ganhasse por muitos a zero!
Lembro-me, por esses estranhos e alienígenas tempos, de haver um treinador do Benfica que fazia gala em não fazer substituições e orgulhava-se de sofrer muitos golos porque, dizia, marcava sempre mais.
Os casos nunca se resolviam na tv, não se ganhavam os jogos antes de começarem nem depois de acabarem, e havia sempre muitos golos. Ser do Benfica era, na altura, o mesmo que ganhar por muitos a zero. E, na segunda-feira, todos discutíamos as jogadas que não víramos como se as tivessemos visto. E todos tínhamos certezas. Era o inefável poder da imaginação despertado pela rádio. Havia mesmo alguns de nós que conseguiam dizer “eu vi bem que foi falta!”.

Entretanto, a vida roubou-nos as tardes de Domingo, a rádio perdeu espaço, a televisão ocupou demasiado, os jogos passaram também a ser jogados antes e depois de começarem, o futebol esterilizou-se em tácticas suicidas, e deixou de se ganhar por muitos a zero! Passou a interessar mais o resultado do que o seu volume, deixou de haver vitórias morais, morreu o “fair play”, 1-0 é um resultado comum e uma goleada é uma excepção, um motivo de festa. Tudo é esquadrinhado por câmaras, os árbitros são quase tantos como os jogadores e tudo isto estava sem graça nenhuma até ter chegado Jesus!

O que eu gosto no Benfica de hoje, ou no de ontem à noite, é o despudor com que defende mal, até porque defender não interessa para nada, é a ingenuidade de estar a ganhar por 4 a 0 e os jogadores continuarem a correr como se não houvesse amanhã, loucos, esses loucos, que jogam à bola como cachopos entusiasmados mesmo quando o resultado já está feito. O que eu gosto no Benfica de ontem à noite é que joga dentro do campo para quem cá está fora. O que eu gosto é do renascer da ideia de espectáculo e do que eu gosto mesmo, acima de tudo, em nome da minha infância distante, é que me devolveu a alegria de ganhar por muitos a zero.

Querida manucha, este mail era para ser sobre política, sobre a apresentação do novo governo do senhor engenheiro que nos vai conduzir nos próximos anos. Mas quem é que quer saber disso quando o Benfica está a ganhar por muitos a zero?!

O nosso avô e o nosso pai, lá onde estão, seja isso onde for, estão a gozar à brava. À uma, porque eram Benfiquistas à moda antiga, sem “ses” nem “mas”. À duas, porque têm lugar cativo e não pagam tv. Será que no Céu há cervejinha e tremoços?

Beijo divertido,
mano.