
Ontem, tive uma colega e uma camarada que me fez entender o conjunto de coisas que, achava ela, estavam erradas no partido.
E a conversa, não sendo pública, também não enfermava de coisas que, em última análise não se pudessem confessar. Era uma conversa sobre o mal que era fazer política e, como noutros tempos, a fazíamos bem. Tive até certas saudades ao ouvi-la.
Vem isto a propósito, de há uns dias, ter participado numa conversa bem estranha para os tempos que correm. Ocorreu com um colega que pensava não se poder dizer abertamente o que pensávamos. Que era melhor andarmos caladinhos.
Ora, com esta ideia é que não posso concordar. O meu pai, por exemplo, tinha uma orientação política diferente da minha, e não foi por isso que nos deixámos de nos entender. Não foi por isso que deixou de ser o homem que mais admiro. E, publicamente, acho mais rico todos nos respeitarmos e discutirmos com clareza aquilo em que acreditamos. Este convite ao silêncio cheira-me às maçãs de outro tempo, tinham bicho…
Eu sou do PS, nem por isso o meu voto é exclusivo disso. Mas esta parte é a que morre com cada um de nós.
Ao nível do ideário, ele é um ideário de esquerda, compatível com o PS e aberto a todas, mas a todas mesmo, discussões.
O que me preocupa é o cuidado a que as pessoas votam os seus critérios como se fosse um crime divulgá-los. Não há nada, rigorosamente nada que impeça de expressar a minha opinião num país livre e democrático, marcadamente e ensanguentadamente democrático.
jpv