
Não é normal a gaivota não ter voado. Como se tivesse uma gaiola sem ferros, permaneceu imune às aproximações e às brincadeiras que alguns lhe faziam.
Aproximaste porque querias que esta fosse a última de todas as fotos. Que não se notasse a cegueira e a surdez que impediam o voo.
E contudo, reparaste em algo tão óbvio que parecia ter nascido com ela e contigo. Estava virada para mar. Mais, estava virada para o Norte de África ou para as ilhas da Madeira, destinos mais quentes.
Quem não quer um destino mais quente. Os teus braços, por exemplo. Que nunca a cegueira se abata sobre mim.
jpv
