
Num domingo,
Em que saí à rua,
Não houve pássaros.
Mas estavam umas centenas
De gaivotas,
Sedentas de África.
Ali, observando o mar,
De frente para um destino
Que já conhecem,
Como que perguntavam,
Quanta distância nos separa
Do calor?
Quantas horas de mar?
Quantas de nós sucumbirão?
Levantaram enxotadas
Por um transeunte
Para quem uma gaivota
É só uma gaivota.
Longe pensar, e sentir,
E questionar
Sobre o futuro,
O que virá depois dele.
Sobre o futuro do futuro.
Passaram por mim,
E num grasno irrepetível,
Adeus.
jpv