
Eu não sou mesmo
As coisas que sinto,
E a forma como as pressinto,
Não se expressam como deviam.
Não têm letras
Nem palavras
Com que devia temê-las.
E talvez sejam de amizade,
As palavras.
E senão forem
Passam em ti
Uma digníssima esperança.
Que tudo tenha sido um sonho,
Tudo, tudo…
Ou só sobre a… doença…
A doença, claro.
Tu queres saber
Se és como eras
Antes da doença.
Se sofres as mesmas coisas,
Se de ris com as mesmas coisas,
Queres saber, enfim,
Quem ficaste,
Com que recursos,
Ou se era algo comum a todos.
Mas tu tinhas um AVC.
Sim isso,
Mesmo que não
Tivesse nada,
Era um nome
Impronunciável,
Querem provar
Que nada digo.
Um nada,
Um quase nada
Um todo
Que era preciso
Vencer.
Porque,
Porque sim,
Porque o toque
Da vida
É mais capaz
E mais válido
Do que um raio.
Basta que sim,
Porque basta
Um ai,
Veemente adiado.
Por fim, as roupas
Rotas.
As forças,
As de juntarem
Num só
Grito.
jpv