Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Uma Nuvem

É uma nuvem.

Viajou no céu só o tempo

De eu saber

Que vinha numa vassoura montada.

E a vassoura tinha um sino

Que trazia agarrado um balde

Que tinha amarrada uma motorizada.

Ora, foi quando segui a vassoura

Que reparei no sino

E depois no balde

E por fim na motorizada.

Por fim, sem dizer,

Vinha também,

Um monstro.

jpv


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Até Agora

Uma outra vez,
A filha ali
Exposta ao sabor
Daquele “Mãe”
Como se fosse
A última coisa
A gritar.
Havia tanto
A tratar,
Mas o almoço dele,
Acho que não chega,
Acho que hoje tem tudo
Por dar,
Vamos lá,
Primeiro fazê-lo.
Depois há que entregá-lo…
E o carro
Por entre os roncos
Indefinidos
Também.
Depois houve
Que entregar
Uma interrogada
Teimosia.
É o jogo do amor,
Junto dele
Convinha fingir
Até o amor,
Ou assumia
O novo amor.
E depois o brilho
De menino.
Por fim,
Uns milagres
Cartas ao acaso
Já sem cor
De torcer-se paralisado
E morrer.

jpv


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Além e Aquém

De agora, de há momentos atrás,

Trouxe areias nas mãos.

Finas, grossas, sozinhas,

Acompanhadas, mas todas

Colhidas pela mesma mão.

Donde vieram,

Isentas,

As ideias.

Mundo de maravilhas,

Recorrendo a tudo

Mesmo às mãos

Que as colhiam.

As colhidas, suspeito

Da vermelhidão da maçã.

jpv


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Eis-me no Lixo

Eis-me no lixo,
Sem que fizesse nada,
Sem que soubesse nada,
Tudo é uma rola estéril,
Tudo é um nada.
E mesmo assim,
Donde que arranjei,
Arranjei…
À escuma amarga,
E doce.

Venci, lá de baixo,
Vi teu asno,
E as tuas tripas,
Mas ainda és minha,
Ó vida.

jpv