
Refém de teus abraços,
Prisioneiro voluntário
Em teus braços,
Homem só e desolado
No mar de sargaços
Que era a vida sem ti.
Corri.
Fugi de mim
Como de uma pestilência,
E só na minha própria ausência
Me reencontrei
E defini a pureza
Da essência
De um eu vago
E imprecisamente desenhado
Como num sonho
Interrompido e inacabado.
E, contudo, sonhei.
Há homens
Que não dormem
Para não sonhar
Com medo dos sonhos.
Há homens
Que não ousam o amor.
Tal o pânico
E o pavor
De o viver.
Chão inóspito,
De fertilidade suspeita,
O amor oferece e dá,
Mas também aceita.
Carícia estendida
Ao cão tinhoso
Que corre e foge
Porque não sabe
Que existe outra coisa
Para lá da pedra arremessada.
A ausência
Da violenta contundência
Do calhau
É desconhecido, vazio e nada.
jpv