
Naqueles restos de papel
Imperfeitos
Que sempre ficam agarrados
Ao caderno
Quando se arranca a página,
Persiste a memória
Da folha inteira…
Do tempo da imaculada perfeição
Antes do primeiro traço.
Todo o homem
É uma página arrancada,
Rasgada,
Riscada na ânsia do abraço.
Todo o homem
Tem sua parte
Colhida
E sua parte dispensada.
Lá longe,
Mais longe, ainda,
Do que as águas do Delta
No tempo das chuvas,
Vive um leão selvagem
De olhar amarelo
E apurado.
E o leão ruge
Num chamamento
Infame.
E, no grito chorado
Da besta alerta,
Ecoa, só e abandonado,
O nome do poeta.
jpv