
Esta manhã,
Quando o dia nasceu,
Já o Sol ia alto,
Rebrilhavam os verdes
Da vegetação,
E o céu limpo e tranquilo
Fecundava a mais pura emoção.
As aves dançavam ao som
De seu próprio canto,
E fez-se em mim uma esperança
E um frémito de espanto.
Afinal, havia horizonte.
Ao fundo do adulto
Ainda se vislumbra a criança.
Esperei que parassem as bombas no ar,
Se amassem os homens para lá da cor
E todos os meninos parassem de chorar,
Todo o ódio se vertesse em amor.
Esperei que as bocas esfomeadas se pudessem saciar.
Vi, na luz do meu olhar, o milagre do entendimento.
Vi a Paz concreta e definitiva,
Um só Deus, a mesma religião,
Era, então, a palavra mais imperativa,
A do abraço, da tolerância e da união.
Desenhava-se em minha mente maltratada e desfeita
A visão límpida e perfeita
Deste Mundo como o queremos.
O som longínquo do acordar
Veio saudar-me o novo dia.
Percebi, então,
A imagem do sonho
Lá fora, não acontecia.
Singular e breve momento,
Súbita realidade, rápida mudança,
É tudo meia verdade
Só, morre a esperança.
jpv