
Nas palavras ditas
E nas palavras por dizer,
Há memórias a correr,
Há emoções a ferver.
O toque da tua mão
No meu braço perdido,
Teu lábios quentes
Num beijo fugido.
Um riso cristalino
E duas palavras de provocação.
Não. Isto não é amor.
É uma violentíssima
E absurda paixão.
A bruma da manhã,
O sol lá no alto,
Os passarinhos a cantar
As vendedeiras na beira do asfalto,
As flores a florir,
Os rios a correr,
As ondas, no mar,
Em revolução.
Nada disto é vida,
Nada disto tem sentido,
Se não tiver na minha
A tua mão,
Se teu peito não bater por mim
Como o meu sofre por ti
Quando estás ausente.
A vida sem ti
Não é vida.
É um fluir inconsistente
Do tempo e dos dias.
Para que tudo tenha luz
E um propósito,
É preciso que o teu olhar
Acorde a minha existência.
E há nisto tão pouco de ciência
E tanto de amor.
Não sei já quem sou
Sem o teu sopro
Sem o teu desespero
E a tua insegurança.
Tudo em ti
É horizonte de esperança,
Realização.
Na ausência de ti
Nada fica,
É o fim.
jpv