
Com frequência, como a querer validar a nossa existência, assegurando que não foi um desperdício da Criação, fazemos inventários de dias felizes. O dia mais feliz da minha vida… e nunca é só um. Vamos abrindo o leque para não deixar nada nem ninguém de fora.
Fazes hoje 32 anos, meu filho. Estás um homem. É um privilégio e um orgulho ser teu pai.
O dia em que nasceste não foi o único dia mais feliz da minha vida. Seria redutor resumir a um só dia a miríade de milagres que operaste na minha vida. Lembro-me da felicidade de andares pela primeira vez, lembro-me das primeiras palavras, lembro-me das tardes infinitas a jogar à bola contigo no pinhal. Lembro-me de inventar-te histórias antes de dormires e pedires a continuação no dia seguinte. Lembro-me de quando foste pela primeira vez à escola e das malandrices que fizeste com os teus colegas da Primária. Lembro-me dos primeiros amigos que levaste a casa e das churrascadas loucas que fazias com eles. Lembro-me do brilho dos teus olhos quando, gelado, experimentaste, pela primeira vez, em Fevereiro (!), a piscina que não acreditavas fosse existir. Lembro-me da primeira vez que bebeste uma cerveja ao pé de mim e dos fins-de-semana infindáveis agarrado aos livros e aos apontamentos. Lembro-me de tentar ensinar-te a conduzir, do dia em que soubeste que tinhas entrado para a Faculdade, e lembro-me das tuas loucuras em Lisboa e do novo espectro de amigos. Lembro-me muito bem das tuas viagens aventureiras e corajosas, algumas delas só tinha conhecimento muito depois de teres regressado. E lembro-me de como planeaste terminar o curso e como projetaste a tua vida depois disso, o detalhe, a determinação e a convicção que puseste em cada ideia e em cada plano. E lembro-me de quando conheceste a Daša e de quando a levaste a casa pela primeira vez. E lembro-me das aventuras ainda mais loucas que viveste com ela, duas fomes juntas de experiências. E lembro-me de quando foste trabalhar pela primeira vez e de quando anunciaste que ias ser pai. E lembro-me do que conversámos quando foste pai. E quando casaste… e lembro-me ontem, quando falámos, da atenção e da ternura nas tuas palavras.
E todos esses momentos, e todos esses dias, foram os mais felizes da minha vida porque ver-te crescer de bebé a menino, a rapaz, a homem, tem sido uma escalada de felicidade e orgulho.
Tu és, meu filho, a mais bela realização da paternidade.
Não fui eu que fui teu pai. Não sou eu que sou teu pai. És tu que fazes de mim pai.
E é por tudo isto que o dia do teu aniversário não é só mais um dia. É o dia dos dias felizes.
Muitos parabéns!
Pai
Maputo, 11 de Setembro de 2022.