
Como uma rajada,
Violenta e inesperada,
Entra o gume da faca
Na carne da alma.
A impotência do moribundo
À vista da ave
Que corre mundo
E nem sabe porquê.
O Homem é mais
Do que aquilo que vê.
A decisão retida.
A palavra contida
Em nome de uma paz
Que é morte anunciada.
Porque permanece o nauta
De olhar no horizonte
Debruçado n’ amurada
Se não há, já, porto
Para a nau triste,
Perdida e naufragada?
Há uma morte fingida,
Uma morte que não mata
Nem é saída.
E, contudo, trágica,
Também já não é vida.
jpv