Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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FRIO

De vez em quando,
Com a nitidez
Límpida de uma manhã de sol,
O teu rosto ressurge
Na minha mente
E revejo o sorriso cristalino
Daquela última despedida.
E escrevo outra vez sobre isso,
Como se, revisitando a dor,
Guardasse em mim,
Mais vivo,
O teu amor.
São assaltos.
A triste condição
De travar a batalha perdida
Entre a morte que foi
E o que sobra da vida.
Aqui,
Neste lugar onde me deixaste,
De mãos abertas
A sentir o calor das tuas,
Não há Diabo que condene,
Nem Deus que redima.
Há só esta neblina
No olhar vagabundo das ruas.
Órfão.
Já não de ti,
Mas da tua memória.
Dia sem luz,
Noite sem história.
Depois,
Com o mesmo sorriso
E a mesma alegria na face,
Partes e deixas-me conformado
Até que a ilusão da presença passe
E entre de novo
No corpo do menino abandonado.

Porque me revisitas, Mãe?
Porque me fazes sofrer
Com a tua presença
Se és ausência e vazio?
Onde não estás, faz frio.
E o frio está em todo o lado.
Não há sol capaz de aquecer
O peito de um menino abandonado.

jpv


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13!

Esta semana, na quinta-feira, 12 de maio, Mails para a minha Irmã completou 13 anos de vida.

Temos estado tão tomados pelos afazeres do trabalho que não tivemos tempo nem para uma simples nota. Mas não esquecemos. Não esquecemos um espaço onde mora tanto do nosso afeto, da nossa criatividade e da partilha com o leitor.

O mesmo leitor a quem agradecemos por estes treze anos de escrita! O mesmo leitor que, pela leitura, dá sentido à escrita.

Muito obrigado!

João Paulo Videira


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