
Ver o horizonte
Não é cruzá-lo.
Olhar o teu ombro
Desnudo e sedoso
Não é tocá-lo.
Olhar a curva
Tentadora e irresistível
Do teu repouso
Não é acariciá-lo.
Sentir o odor perfumado
De teu sexo
Em especiarias aromatizado
Não é beijá-lo.
Tem esse átomo
De tempo
E distância
O peso inteiro
Da errância
De meus incertos
Passos de amante.
Não sei viver
Esse delicioso instante
De aproximação ao amor
Senão com a voracidade
E o fulgor
De quem devora
Uma essência.
Desconheço o dom
Da paciência
Diante desse altar
Que é teu corpo.
Quando assim não sinto
Suspeito sempre
Que estou morto.
jpv