
A onda, quando bate na areia,
É como a palavra contumaz.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não volta atrás.
E a chuva, quando toca o chão,
É como a mentira proferida.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não será recolhida.
E o vento, quando sopra no deserto,
É como a ofensa consumada.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não será apagada.
E assim vivemos
A triste sequência
Da palavra que mente
E desenha a ofensa
Que a onda não varre,
A chuva não lava
E o vento não limpa.
Essa é a sentença.
jpv


