Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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King James III

Se a minha morte
Fosse a tua vida,
Não seria uma vida perdida,
Mas um singelo golpe de sorte.

Se a minha sorte
Fosse o teu sopro,
Morreria por gosto
E entregaria o corpo
Ao pó e ao abandono.
Se fosse o meu profundo sono
A luz dos olhos,
Enfrentaria criaturas medonhas,
Superaria barreiras e escolhos,
Só para morrer por ti.
O que tu és
Não tem fim.
O que tu és,
Seguimento de mim,
Na morte e na vida.
Palavra vivida,
Passada crente e firme,
Luz azul no sorriso,
Diáfana imagem
Antes de ir-me.

jpv


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King James II

Uma luz límpida,
Uma aura translúcida e fina.
Uma frágil força,
Uma água cristalina.

Um sorriso inocente
E um sorriso malandreco.
Teu nome é um eco
Constante
No coração da gente.

Um braço estendido,
Uma palavra imprecisa.
És um rei erguido
Reinando na era indecisa.

jpv


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King James I

O teu equilíbrio frágil
Desperta sonhos e ilusões,
Desenha sorrisos livres,
Prenhes de amor,
E todas as sensações.

Senhor inconsciente
Das nossas vontades,
Ainda mal és gente
E já reinas
Em todas as propriedades.

Tens um tal domínio
E uma tal força de Amor
Que sendo senhor dos servos
Sou servo de ti, senhor.

Reizinho James,
Comandante deste velho navio,
Aqueces e confortas a alma
No pico do Inverno,
No vórtex do frio.

jpv


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Dentro da Pegada

Na areia da praia deserta
Ficou a sombra da pegada.
Onde estava uma porta aberta,
Jaz, inerte, uma porta fechada.

No côncavo da areia pisada
Ficou o bater de meu coração,
E lá vive a memória apagada
Do pé que marcou o chão.

Nas palavras não trocadas
E naquelas que troquei
Deixei abandonadas
As pegadas que desenhei.

Dói mais a dor ausente
Quando o sangue brota e corre.
Se for coração de gente,
A solidão dói mais
Do que quando a gente morre.

jpv


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Citação do Poeta


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SENTENÇA

A onda, quando bate na areia,
É como a palavra contumaz.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não volta atrás.

E a chuva, quando toca o chão,
É como a mentira proferida.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não será recolhida.

E o vento, quando sopra no deserto,
É como a ofensa consumada.
Pode vir outra a seguir,
Mas aquela não será apagada.

E assim vivemos
A triste sequência
Da palavra que mente
E desenha a ofensa
Que a onda não varre,
A chuva não lava
E o vento não limpa.
Essa é a sentença.

jpv


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MATINAL

O mar no horizonte.
O mar é o horizonte.
A graça de olhá-lo,
De contemplar a ondulação
Quase impercetível
Que vem beijar o areal.
A marcha ociosa,
Do espreguiçado tempo
De ter tempo para nada.
As palmeiras disputam
Os segredos de quem passa
E o mar namorando
A areia molhada.

jpv


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TERAPIA

De manhã, ao acordar,
Assim que a luz
Me vem visitar,
Desce um frio que renova e regenera.
Entra na carne
E no espírito
E deixa tudo mais limpo e melhor do que era.

E paira uma pureza
No olhar e no sentir,
A nitidez e a certeza
De que a promessa se vai cumprir.

É o Mundo antes do Mundo,
Um clamor antigo e profundo,
Um ritual tantas vezes repetido
E sempre inaugural e renovado.
Nasce um novo dia
Na frescura do horizonte iluminado.

jpv


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TSUNAMI

Já conhecia aqueles silêncios.
Já vivera aquelas hesitações.
Já engolira os gestos intensos.
Já calara outras emoções.

E já entregara as armas
E as depositara no chão
Em outros tempos
E outras contendas.
Já caminhara, só, com o destino pela mão.
Já ouvira as mesmas histórias e lendas
E já divagara por aquele deserto.

Sempre que o mar recua,
o tsunami está perto.

jpv


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NDZAKA!

Chama-se Ndzaka e promete dar que falar!
Um poço de ternura, curiosidade e inteligência, será também, em breve, um boi de força!
Aventuras se adivinham!

jpv