
Só,
Sob o sol queimante do deserto,
O caminhante avança lento,
Pés nus e peito aberto.
Não tem água, já.
Não tem bússola
Nem horizonte.
Só o sangue nas passadas
E o suor na fronte.
Sem amparo nem resgate,
Enfrenta o vento que o fustiga
E a areia que o abate.
E, enquanto a Natureza adversa o castiga,
O caminhante avança,
Crente, só, na Fé
E no sentido que o orienta.
Sob o imenso calor,
Tudo pode, tudo aguenta,
Se vir ao longe
Uma centelha de amor.
Sente, pesados, os pés
E a vontade a soçobrar.
Vislumbra um oásis,
Verde, húmido e cristalino,
Quando termina a violência do estio.
O caminhante tomba sob a luz.
E o seu corpo inerte
Apodrece, na noite, ao frio.
jpv
06/04/2021 às 14:25
Forte e verdadeiro
GostarGostar