
Estão vazias as mãos
E esgotadas as palavras.
Secaram os rios
Fustigados por ventos quentes
De bonança e abandono.
Não é triste este lamento,
É seguro e isento.
Fúnebre tormento
Da pena exangue
E imóvel.
Não oiço, já, o arranhar
Bailado e fiel.
E não sinto o odor
Suave desse papel
De milagres.
Os dias correm alegres e cinzentos
E guardo no peito os momentos
Que antes escrevia.
Não é uma maré vazia.
E cheia também não é.
Uma onda plana e calma,
Uma embarcação fundeada.
Um poeta lívido.
Morto. De pé.
jpv