Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Heaven

Heaven is a place
In your eyes
And that’s
Where happiness lies.
You gave no reasons,
Nor said how or why.
You just took my heart
By the end of July.
A godess coming from above
To teach me
The very fine art
Of lust and love.

jpv


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Horizonte

Não há mais tempo.
Não há tempo
Nem para não haver tempo.
Nada mais restará
Após a hora
E o prazo marcado.
Um homem vive hoje e agora
O tempo condenado.
Para cada regra,
Uma rutura,
Para cada tempo,
Um tempo de atraso.
Para cada hóstia sagrada
Uma mão impura.
Mas há essa linha
Onde nasce toda a força ausente,
Enganoso destino,
Certa e verdadeira fonte.
Aí descansam os olhos do menino…
Distante e atrasado horizonte.

jpv


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Limite

No limite da palavra
E no limite do gesto.
No limite da carícia
E no limite do funesto.
No limite da tentação
E no limite da conjura.
No limite da revelação
Da atitude mais impura.
A nau naufragou
Porque tinha de naufragar,
Não há não quem navegue
Onde não haja mar.
E ficam nautas suspensos
E outros afundando.
Todos têm destino,
Seja prazeroso
Ou nefando.
Uns se erguem
E cruzam a rebentação
A poder de braços.
Outros olham o horizonte
E veem metros escassos…
No limite da coragem
E no limite da lucidez.
No limite da voragem,
A grandeza ou a pequenez.

jpv


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Servo

Pintura de Rui Tadeu, Moçambique.

A memória do corpo no corpo,
A memória da mão na mão.
A memória da palavra certa
E a memória da intenção.
Gravada foi na tua pele,
Gravada está na minha mente,
A força que nos impele,
A paixão que o peito sente.
Não quero esperar por ti
E por ti espero resiliente,
Assaltado por esse amor violento
Que sujuga a vontade da gente.
Já fui senhor, já,
E agora sirvo com submissão,
Servo das forças que trazem
Encantado meu coração…

jpv


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Manhã

Um gesto intencional
E resoluto.
Um cadáver sem vigília
Nem luto.
E a imensidão do mar.
O amor todo do Mundo
Preso num olhar.
A entrega vulnerável
Da vida
Nas tuas mãos…
Em rituais sagrados
E desejos pagãos.
Não sou eu, já.
E, contudo, nunca fui tanto eu.
Até ver a manhã doirada,
Um homem tem de palmilhar
Muita noite de breu.

jpv


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A Vela, o Barqueiro e o Leme

Quando o barqueiro treme,
De medo ou sugestão,
A água acaricia o leme
Preso em sua mão.
Inunda-lhe o peito
Uma tortura e um temor
Que o trazem sojugado
A ventanias de Amor.
Enfrenta sozinho
As ondas medonhas
E a tremenda procela.
Segura o leme com força
E acaricia as falhas na vela.
O pano enche-se da brisa
Que passa e desliza
Na fronte do homem só.
Ainda agora era carne carne viva
E resta um pouco de pó.
O barqueiro e o leme e a vela
Ensaiam uma estranha dança,
Embalados na música da morte
Traçam passos de esperança.

jpv