
Na tormenta.
Na dor.
No corpo que se ausenta.
No sussurro de outro amor.
No mar alto e encapelado.
No vislumbre do futuro,
A sombra do passado.
Nas mãos que tocam
E acariciam.
No corpo que se contorce.
Na investida.
E nos silêncios que se anunciam.
Na espera.
No tempo vácuo.
Na imagem projetada,
Uma alma suja
Na alma lavada.
No ritmo sufocado
Do desespero.
Na noite que se perde
E se esvai,
Um coração arde
E um muro cai.
No tempo da súplica.
No tempo da exigência.
No momento de recuar
E enfrentar a sorte,
O peito pressente a morte
E teme sobreviver.
Contra o que está feito,
Nada há que se possa fazer.
Já foste e já vieste.
Já reclamaste
E já deste.
Já tudo foi experimentado.
Na noite, a solidão.
E o peito sangra,
Exangue e cansado,
Os versos desta canção.
Na tormenta.
Na dor.
No corpo que se ausenta,
Talvez… o Amor.
jpv