És um alguidar de plástico À cabeça, Uma silhueta recortada Na manhã que começa. És uma criança Nas costas amarrada, És a vendedeira de peixe Por trás da bancada. És um sorriso límpido, Sem igual, És a voz que desperta O sol inaugural. És um corpo vergado Na machamba dos afazeres, És mãe de sete ou oito E irmã de outras mulheres. És o trabalho e a libertação, És a marrabenta e a oração. És uma calça de licra Na marginal, És a força e o poder, A resiliência fundamental. És uma vendedeira de amendoim Na beira da estrada, És um olhar de esperança em tudo E uma mão cheia de quase nada. És uma palavra meiga e carinhosa, És o epicentro da força revoltosa. E és a graça Que desliza e passa Cingida por uma capulana, Mãe de África, Mulher Moçambicana.
O azul imenso E a distância, A felicidade toda No olhar de uma criança. Um só sorriso, Um só momento, Um só juízo, E tudo nasce de novo. Tu, a majestade. Eu, a plebe súbdita, O povo. Tens por coroa Uma gargalhada cristalina, E por cetro A palavra imprevista da menina Que ousa e atreve E comanda o gesto Que o servo conteve. Não há praias, Nem ondas, Nem mares, Que te façam justiça. Serei sempre um lenho imperfeito, Em seco e sem destino, Sem mastro Nem o nauta que iça A vela do desejo. Até chegares E me devolveres à vida Com suave carícia, Inaugural beijo. E haverá, então, Um rumo certo, Um porto aberto, Uma mão estendida Onde se acolhe outra mão.
Dão à costa, Nesta praia, Ondas de exceção E sereias inusitadas, De formas arredondadas, A prender meu coração. E tenho mastros Erguidos ao céu Nesta embarcação. E tudo de meu Tem amarras à volta. E o vento e os rios Correm como cavalos à solta Na minha mente. E depois, O sol na pele Da sereia, O fogo no olhar Da sereia, A mulher no corpo Da sereia, E o canto nos lábios Da sereia, São só o traço, A linha ínfima do horizonte, Que norteia O Ulisses dos medos, Perdido e a monte. No céu, Uma estrelinha brilha E segreda os segredos Ao nauta amarrado. Um mastro Não é um pelourinho, E um nauta Não é um condenado. E há-de voltar À praia de areia dourada, Abraçar a sereia amada. Voltará a soprar a brisa E, sentado na sombra, Desenhará a forma precisa Das gotas de água brilhando Na pele salgada da mulher. Tudo acontece Quando Ulisses quer.
O Amor Próprio nasceu como uma página nas redes sociais e se transformou em um espaço acolhedor para quem busca reencontrar sua força, sua essência e seu valor.
O assunto básico é Arte/Fotografia e Psicologia. Eventualmente há indicações de livros e equipamentos interessantes lincados na Amazon, Shopee e SocialSoul.