Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Veja “COVID-19 DIÁRIO MOÇAMBICANO 34” no YouTube

https://youtu.be/yl6ALy91pb0


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Veja “COVID-19 – DIÁRIO MOÇAMBICANO 33” no YouTube

https://youtu.be/pQvhQygzMtE


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Veja “COVID-19 – DIÁRIO MOÇAMBICANO 32 – Edição sobre Ensino a Distância” no YouTube

https://youtu.be/f8XXI8NsW_E


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Veja “COVID-19 – DIÁRIO MOÇAMBICANO 31” no YouTube

Um domingo de sentimentos mistos…

https://youtu.be/OSYbidn1eG8


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Mulher Moçambicana

És um alguidar de plástico
À cabeça,
Uma silhueta recortada
Na manhã que começa.
És uma criança
Nas costas amarrada,
És a vendedeira de peixe
Por trás da bancada.
És um sorriso límpido,
Sem igual,
És a voz que desperta
O sol inaugural.
És um corpo vergado
Na machamba dos afazeres,
És mãe de sete ou oito
E irmã de outras mulheres.
És o trabalho e a libertação,
És a marrabenta e a oração.
És uma calça de licra
Na marginal,
És a força e o poder,
A resiliência fundamental.
És uma vendedeira de amendoim
Na beira da estrada,
És um olhar de esperança em tudo
E uma mão cheia de quase nada.
És uma palavra meiga e carinhosa,
És o epicentro da força revoltosa.
E és a graça
Que desliza e passa
Cingida por uma capulana,
Mãe de África,
Mulher Moçambicana.

jpv


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Porto Aberto

O azul imenso
E a distância,
A felicidade toda
No olhar de uma criança.
Um só sorriso,
Um só momento,
Um só juízo,
E tudo nasce de novo.
Tu, a majestade.
Eu, a plebe súbdita,
O povo.
Tens por coroa
Uma gargalhada cristalina,
E por cetro
A palavra imprevista da menina
Que ousa e atreve
E comanda o gesto
Que o servo conteve.
Não há praias,
Nem ondas,
Nem mares,
Que te façam justiça.
Serei sempre um lenho imperfeito,
Em seco e sem destino,
Sem mastro
Nem o nauta que iça
A vela do desejo.
Até chegares
E me devolveres à vida
Com suave carícia,
Inaugural beijo.
E haverá, então,
Um rumo certo,
Um porto aberto,
Uma mão estendida
Onde se acolhe outra mão.

jpv


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Ulisses

Dão à costa,
Nesta praia,
Ondas de exceção
E sereias inusitadas,
De formas arredondadas,
A prender meu coração.
E tenho mastros
Erguidos ao céu
Nesta embarcação.
E tudo de meu
Tem amarras à volta.
E o vento e os rios
Correm como cavalos à solta
Na minha mente.
E depois,
O sol na pele
Da sereia,
O fogo no olhar
Da sereia,
A mulher no corpo
Da sereia,
E o canto nos lábios
Da sereia,
São só o traço,
A linha ínfima do horizonte,
Que norteia
O Ulisses dos medos,
Perdido e a monte.
No céu,
Uma estrelinha brilha
E segreda os segredos
Ao nauta amarrado.
Um mastro
Não é um pelourinho,
E um nauta
Não é um condenado.
E há-de voltar
À praia de areia dourada,
Abraçar a sereia amada.
Voltará a soprar a brisa
E, sentado na sombra,
Desenhará a forma precisa
Das gotas de água brilhando
Na pele salgada da mulher.
Tudo acontece
Quando Ulisses quer.

jpv