
És um alguidar de plástico
À cabeça,
Uma silhueta recortada
Na manhã que começa.
És uma criança
Nas costas amarrada,
És a vendedeira de peixe
Por trás da bancada.
És um sorriso límpido,
Sem igual,
És a voz que desperta
O sol inaugural.
És um corpo vergado
Na machamba dos afazeres,
És mãe de sete ou oito
E irmã de outras mulheres.
És o trabalho e a libertação,
És a marrabenta e a oração.
És uma calça de licra
Na marginal,
És a força e o poder,
A resiliência fundamental.
És uma vendedeira de amendoim
Na beira da estrada,
És um olhar de esperança em tudo
E uma mão cheia de quase nada.
És uma palavra meiga e carinhosa,
És o epicentro da força revoltosa.
E és a graça
Que desliza e passa
Cingida por uma capulana,
Mãe de África,
Mulher Moçambicana.
jpv