
Dão à costa,
Nesta praia,
Ondas de exceção
E sereias inusitadas,
De formas arredondadas,
A prender meu coração.
E tenho mastros
Erguidos ao céu
Nesta embarcação.
E tudo de meu
Tem amarras à volta.
E o vento e os rios
Correm como cavalos à solta
Na minha mente.
E depois,
O sol na pele
Da sereia,
O fogo no olhar
Da sereia,
A mulher no corpo
Da sereia,
E o canto nos lábios
Da sereia,
São só o traço,
A linha ínfima do horizonte,
Que norteia
O Ulisses dos medos,
Perdido e a monte.
No céu,
Uma estrelinha brilha
E segreda os segredos
Ao nauta amarrado.
Um mastro
Não é um pelourinho,
E um nauta
Não é um condenado.
E há-de voltar
À praia de areia dourada,
Abraçar a sereia amada.
Voltará a soprar a brisa
E, sentado na sombra,
Desenhará a forma precisa
Das gotas de água brilhando
Na pele salgada da mulher.
Tudo acontece
Quando Ulisses quer.
jpv