Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Jangada Vazia

No verde ímpar
Da manhã dourada,
Passa, silenciosa,
Ao colo da água
Calma do Rio,
A jangada.
Uma ave corta o espaço
E vem pousar
Ante o desespero
Do meu olhar.
O sol brilha intenso,
Aquece-me a carne
E expõe-me a alma
Em dor.
Não há verde, nem luz,
Nem ave, nem jangada.
Não há paraíso possível
Sem a força do teu amor
No meu corpo,
Sem tuas mãos desenhando
Curvas de desejo
Na entrega original
Do milionésimo beijo.
Não há deus,
Nem infinito,
Sem o teu gemido
E o teu grito
Sob o suor
Da minha luxúria.
Não há manhã,
Nem anoitecer,
Que valha a pena viver
Sem a pequena morte
De teu êxtase
Em meus lábios.
Não há mais teorias
Nem outros sábios
Quando tu não estás
E meu peito arde por ti.
Não há outras paisagens
Nem encantadas seduções
Conspiradas pela Natureza,
Se não tenho a certeza
De poder cingir
Teu corpo ao meu.
Passa de novo a jangada
Na manhã cristalina e doirada
À frente do menino que morreu.

jpv