
Magoaram-me os beijos
Que me prometeste
E não me vieste dar.
E magoaram-me,
Mais do que quaisquer outros,
Os beijos despudorados e loucos
Que entregaste em meus lábios.
Foram certos e sábios
Os dias em que fugiste de mim.
E foram mais sábios, ainda,
E ainda mais certeiros
Os dias inteiros
Que passaste no meu colo
Ouvindo-me ler um poema
Inacabado e imperfeito
Como a nossa história de amor.
Sem princípio,
Sem fim,
Sem jeito.
Não tem espaço,
Não tem tempo,
E não tem conceito
Um amor assim,
Que se nega ao fim
E não se lembra, já,
Do princípio.
Vive do instante,
Da ânsia,
Da errância
De tuas mãos em meu corpo,
Que perde o chão e o sopro
Quando te anuncias e sorris
Como se não tivesse acontecido nada.
Minha vida
É uma estrada sinuosa
E perdida no deserto.
Meu oásis,
Minha água,
E meu Norte,
Seria ter-te por perto.
jpv