
Foi bom, esse beijo,
De fugida,
Mais roubado que dado.
Nasceu em meus lábios
E morreu nos teus.
Foi simples e improvisado,
Tentação do Diabo,
Milagre de Deus.
Corpo ausente,
Junto a mim,
Desejo de beijo,
Sem princípio,
Sem fim.
Abraço de Platão
E o teu corpo sobre o meu,
A roupa que abandonaste pelo chão,
Bíblia sagrada deste pobre ateu.
E outro beijo, talvez,
Oferecido com o mesmo vigor.
Ainda bem que não me amas
Porque, se isto é assim sem amor,
Que seria deste pobre coração
Se o calor dos teus lábios
Trouxesse volúpia e paixão?
Não me beijes mais,
Peço-te, por favor,
Que o calor da tua língua
Traz-me o prazer
E mergulha-me na dor.
Ritual sem sacerdote
Nem altar,
Que tem por Salmo
Sinuoso decote
Oferecido ao olhar.
Foi bom, esse beijo.
03/12/2018 às 23:38
Senti a pulsação de cada palavra.
Adorei.
Revi-me muito neste poema.
Parabéns.
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03/12/2018 às 23:54
Muito obrigado pelo teu comentário.
Volta sempre!
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